Antes uma bala do que uma má idéia na cabeça. Guiado por este pensamento humanista, pensei em meus dias e noites solitários, vazios e de uma vulgaridade sem precedentes. Era o fim. Senão da agonia, o da falta de coragem de por um fim nisso tudo... Mas não seria covardia?
Essa dúvida era a única coisa que me separava do gatilho apertado e do tiro disparado. Morto, eu já estava! Eu já estou. Sim, faltava aquele toque final, a concretização do fato para os vivos (ou mortos, tal como eu). Lembro-me de ter escrito anos antes num poema o seguinte verso: “que glória se faz ao padecer sem entender as próprias palavras de ordem?”. Me via em minha própria obra, em minha própria constatação e pior, eu era o elo fraco da corrente.
Seria esse meu fim? Baseado no excesso simultâneo de coragem e covardia? De ignorância e de uma sabedoria baseada, apenas, na ironia socrática de que nada sabia? Puta que o pariu, que merda!
Quem me dera se, após concretizado o fato, meus inimigos sofressem com a minha morte e que meus amigos comemorassem o fim de minha agonia com uma festa daquelas. Infelizmente não tenho amigos nem inimigos suficientemente inteligentes, desprendidos e honrados. Todos são demasiadamente práticos. Acham que a morte do outro é a sua vitória (no caso dos inimigos) ou um fato pra ser visto com tristeza (no caso dos amigos).
Enfim, o revólver está aqui. A bala, ociosa, louca para cumprir seu papel... quer saber? Sou um merda, num mundo de merda que, portanto, merece a continuidade de meu ser ridículo e imbecil.
Será que na feira do troca-troca eu consigo um palmtop?
Essa dúvida era a única coisa que me separava do gatilho apertado e do tiro disparado. Morto, eu já estava! Eu já estou. Sim, faltava aquele toque final, a concretização do fato para os vivos (ou mortos, tal como eu). Lembro-me de ter escrito anos antes num poema o seguinte verso: “que glória se faz ao padecer sem entender as próprias palavras de ordem?”. Me via em minha própria obra, em minha própria constatação e pior, eu era o elo fraco da corrente.
Seria esse meu fim? Baseado no excesso simultâneo de coragem e covardia? De ignorância e de uma sabedoria baseada, apenas, na ironia socrática de que nada sabia? Puta que o pariu, que merda!
Quem me dera se, após concretizado o fato, meus inimigos sofressem com a minha morte e que meus amigos comemorassem o fim de minha agonia com uma festa daquelas. Infelizmente não tenho amigos nem inimigos suficientemente inteligentes, desprendidos e honrados. Todos são demasiadamente práticos. Acham que a morte do outro é a sua vitória (no caso dos inimigos) ou um fato pra ser visto com tristeza (no caso dos amigos).
Enfim, o revólver está aqui. A bala, ociosa, louca para cumprir seu papel... quer saber? Sou um merda, num mundo de merda que, portanto, merece a continuidade de meu ser ridículo e imbecil.
Será que na feira do troca-troca eu consigo um palmtop?
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ResponderExcluir"Laura da Hora disse...
ResponderExcluirSeria um drama Dostoyevskiano?!?
Belo texto João!
E sim, podemos brindar o achado duplo no commplexo bigode-cavanhaque, laguinho...
Ou corredores do CFCH."
pra ninguém anotar email, telefone e afim, resolvi apagar.
Dostoyevsky reina. Não nego.
Brincar com a aflição de meus personagens é divertido. Melhor do que fazer como algumas pessoas, que costumam brincar com a aflição de pessoas reais.