sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pontes Sobre o Vazio



Viajante amortalhado 
O que quer olhos
O que espera

O que não é agradável
E tem silêncios

O que caminha
O que vigia
E tem pensamentos

Escondidos

O que tritura a rocha
E mesmo os rostos

Com olhos

Que não constroe pontes sobre o vazio...
Que não constroe pontes sobre o vazio...

Que não constroe pontes sobre o vazio...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Menina-Flor




Ela é a menina-flor que brotou em meu jardim de pedras. Menina-flor que chora gotas de orvalho celeste ao ferir ou ao ver os ferimentos alheios. Menina-flor que sente medo da chuva, que sente medo do sol, mas que adora a garoa iluminada pelos raios solares que vencem as nuvens carregadas formando um belo arco-íris que parece sair de seu olhar sereno e indescritivelmente belo.

Ela é menina-flor portadora de um sorriso que faz a gravidade se impor às armas que, indefesas, caem no chão a cada rajada de luz oriunda de seu ser. Menina-flor que, quando me dá um beijo rasante, me faz voar, me faz levitar como luz cósmica, como brisa celestial. Ela é a menina-flor que exala, emana, multiplica a paz.

Eu sou um menino-sorte, pois ela é minha flor, ela é minha menina.

Catinga da Caatinga.


Para Léo Zadi

Ele é um peido que surge incensando o ar das idéias com um cheiro envenenado, uma catinga de caatinga beira-mar que invade as narinas do pensamento, recobrindo de névoas as mentes que deixam-se guiar pelo cheiro do blues azul do bode repentista e pelo chamado do lagarto da língua azul que acende, com a própria língua, o verbo que procura.

Ele é, também, um peido num Arruda lotado: o cheiro do gol Coral profetizado em flatulência repleta de zadiação. Ele é um peido-ninja: quanto mais silencioso, mais perigo oferece às narinas conservadoras, acostumadas com o mau-cheiro, que, por conveniência é aceito e tido como padrão de aroma.

Ele é um peido que altera a gravidade ao ponto certo para que malabares metafísicos não caiam no chão. É, também, o peido que faz o chão desabar e tudo levitar: os mirabolantes malabares, os mártires bodes repentistas, os lagartos xamãs da língua azul, as camisolas do dia, os véus da noite, os sorrisos das meninas, os caixas de som, as cuícas, e, sobretudo, faz levitar o ser que ele está. Mais um ser a zadiar, mas um ser zadio.

Simplesmente Zadi, parceiro e amigo ele é.