quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ápice (Reggae Roots-Roots)

Vou te deixar
Melada de vida
Vou te molhar
Inteira de vida

Vou hidratar
Tua pele
E Cabelos

E teus lábios
Vou molhar

Vou te amar
Molhada de vida
Vou te rodar
Amada de vida

Vou te mostrar
Vulva e verve
Pêlos e apelos

E teus ádrios
Vou molhar

Inteiros de vida.

Culpa.

Para Syd & Zadi.

Saudade?
Sal!
Idade?
Desconhecida!
Percurso?
Imprevisível!
Discurso?
Alienante!
Adiante?
Sempre!
Sempre?
Lembra!
Lembra?
Esquece!
Entristece?
Acontece!
Amadurece?
Tenta!
Acalenta?
Lenta!
Mente?
Constantemente!
Ente?
Desconhecido!
Identidade?
Saudade!

O que eu sinto é saudade.

Economia.

- Ela economiza até no sorriso...

- Ela é judia, olha o nariz dela!

U-Top-Top-Top-Cús

Depois que a língua se afia
A ação torna-se necessária
Você é como uma utopia
Bonitinha, mas ordinária

Utópicos meus tópicos?
Descanse, para que eu te canse.
Meu mote pode te levar à morte.

A ação não comunica a ação.

Isso me lembra... Esquece!

Caranguejos de Dentro

Ô Urubu nunca vi
Tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem
Mais Tucano ameaça

E caranguejos azuis
Não são cogumelos
E caranguejos azuis
Não são cogumelos

Caranguejos de fora
Não se perturbam
Pois aqui eles
São apenas turistas

Caranguejos de fora
Mal se misturam
Ao “Made In Recife”
Extrativistas

Caranguejo de dentro sofre!
Caranguejo de dentro sofre!

Pois caranguejos azuis
Não são cogumelos
Pois caranguejos azuis
Não são cogumelos

Caranguejos de fora
Não se acabam
E se acabarem será
Por um mero acidente

Caranguejos de fora
Não se acalmam
Sem antes tomar
Uma boa aguardente

Caranguejo de dentro sofre!
Caranguejo de dentro sofre!

Pois caranguejo azul
Só por interesse visita
Pois caranguejo azul
Se disfarça de comunista
Pra que caranguejo de dentro sofra!
Pra que caranguejo de dentro sofra!

Ô Urubu nunca vi
Tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem
Mais Tucano ameaça

E caranguejos azuis
Não são cogumelos
E caranguejos azuis
Não são cogumelos

Caranguejos de dentro
Ainda se iludem
Em sair do mangue
Procurando dinheiro

Caranguejos de dentro
Por mais que se mudem
Não duram mais
Do que um ano inteiro

Caranguejo de dentro sofre!
Caranguejo de dentro sofre!

Caranguejos de dentro
Não vislumbram
Algo que cure as suas mágoas

Caranguejos de dentro
Não espumam
E se espumam é por estarem com raiva

Dos caranguejos azuis
Que não são cogumelos
Dos caranguejos azuis
Que não são cogumelos

Azuis
Das cagadas dos belos zebus!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Calor e Menstruação

O calor tem imperado por esses dias. Quanto mais calor, menos roupa. Quanto menos roupa, mais atrativos. Quanto mais atrativos, menos pudor.

O trabalho de um ser para resistir ao outro suado e quase nu, faz, geralmente, o calor aumentar ainda mais. Banhos frios são utilizados na maioria dos casos.

Ceder triplica o tal calor e, quando o ato é bem feito, a cura vem em algumas horas... em certos casos, minutos.

O fato é que, depois de dias e noites muito quentes, o que mais se espera é que a chuva e a menstruação venham logo.

Última Página

A última página é sempre a mais difícil e inevitável... é quase uma lágrima.
Talvez tenha até já sido escrita. Talvez, não, com toda a certeza.
Pois até a primeira pode ter sido a última.

Fozzy

Fozzy era a minha putinha de estimação...
Se eu brigava com papai... ia e trepava com Fozzy
Se eu brigava com mamãe... ia e trepava com Fozzy
Se eu brigava com minha mulher... nossa reconciliação era na base da trepada.

Mas depois eu sempre ia atrás de Fozzy.

Porém, nessas horas, Fozzy me rejeitava...
Via as marcas de unhas em minhas costas...
Percebia os sinais de uma trepada reconciliadora...
E tinha inveja por eu não a permitir me arranhar, beijar, amar.

As unhas de Fozzy eram afiadas demais.
Os beijos de Fozzy eram melados demais.
O amor de Fozzy... O amor de Fozzy era foda demais.

Mas Fozzy, um dia, me propôs uma viagem...
Irmos, nós dois, à Espanha para lá morarmos...
Eu rejeitei a proposta, por causa de minha esposa.

Semanas depois, o corpo de Fozzy foi encontrado...
Sem vida, em Tenerife.

Exatamente no mesmo dia em que minha mulher me deixou.

...

"Tá tudo bem?"

Após essa pergunta, eu nunca contei de um a dez tão rápidamente.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Hã!?

Antigamente o que era ruim, era trash.
Hoje em dia o que é trash, é mara.
Hoje em dia o que é ruim é ozzy.

Só que Ozzy é mara!
E Mara é ozzy!

...


Mas que Mara, mas que Mara, Mas que Mara Maravilha ê!

Egito, Egito, ê!

Faraó... Faraó!

...


Maldita pseudo-intelectualidade.

Sobre "SOBRE A ANTOLOGIA CEM POETAS SEM LIVROS"

Li a análise do escritor, ensaísta e mestrando em linguística, André Cervinskis, sobre a antologia CEM POETAS SEM LIVROS. Esse é o principal motivo de eu estar escrevendo aqui, agora.

Podem até achar que estou reclamando uma melhor análise por parte dele quanto aos poemas lá apresentados, ou mesmo que estou escrevendo por sentir meu ego ferido pelo comentário feito ao meu poema: “Há autores também que escrevem versos como se estivessem na escola primária; poemas sem lirismo, repletos de clichês: Sou frágil, mas sou azul como Carlos Pena Filho;/ Sou frágil, mas inesquecível como o velho Capiba;/ sou frágil, mas sou forte como Che ou Sandino;/ sou frágil, mas pernambucano como Chico em sua vida. (Sono, Guma)”. Mas não é bem isso. Venho dar os parabéns às análises de André, e digo mais, acho até que ele foi legal conosco. Acho até que ele foi legal comigo.

E que direito ele tem de julgar esse ou aquele poema? Essa pergunta pode surgir nos pensamentos de alguns. Eu respodo do alto da minha imbecilidade laconica e feia: Toda, afinal, ele é leitor.

Mas existe uma problemática e um risco que se corre ao se análisar um poema. A problemática é alcançar com precisão a intenção do poeta, saber o que ele queria dizer, e o risco é o óbvio, é se falar baboseiras, analisar de maneira equivocada um bom poema e fazer com que o poeta se sinta abatido e desestimulado. Evidentemente, não é o meu caso. Não sou poeta, sequer sou artista. Eu sou Guma.

A maioria dos críticos de arte, por sinal, são pretensos artistas que, com a explícita falta de talento, passam a julgar as obras dos outros, talvez como uma forma de vingança. Não quero, com isso, dizer que André Cervinskis é um artista sem talento. Não conheço bem as obras dele e, portanto, não posso afirmar muita coisa. Digo até que o pouco que li, escrito por ele, foi válido.

O que posso dizer em relação às críticas feitas ao meu poema, é que são completamente acertadas. Apesar de ter trabalhado com alunos do primário e nunca ter visto alguém escrever versos como os do meu poema em questão, confesso tê-lo feito em 2001, eu não estava no primário, mas era um recém-secudarista, saído iluminado de uma conversa com Geninha da Rosa Borges. Confesso também pouco me importar com o lirismo tão procurado por alguns poetas e pseudo-poetas. Na verdade, eu quero é que o lirismo se foda. Quanto aos clichês, não vejo um só poeta que esteja hoje na cena pernambucana que não seja arauto do ser supremo. Repito, não há um sequer.

Quanto aos bons nomes do livro... Sabemos que não há nada de novo. Isso não quer dizer que não há nada de bom, apenas não há nada de novo. De novo.

Um bom colega me deu um conselho, caso fosse o caso de responder, eu usasse os próprios versos escritos como se estivesse no primário:

Mas deixo a minha mente
Hermeticamente
Aberta
Porém coberta

De uma forma que ninguém possa ver
Mas que todos possam sentir
Como uma piada que ninguém quer entender
Mas da qual todos quem rir

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Clô e a Humanidade

Como coloquei a figura de Clodovil de uma forma um pouco vulgar no último post, decidi compensar postando um texto que fiz na época da morte do próprio:


Confesso, pensei em dividir minha ignorância com vocês, ilustres visitantes, novamente na época (não tão distante) do aborto e excomungação da menina de nove anos abusada sexualmente pelo padrasto... preferi não. Meninas são estupradas todos os dias, mães que abortam depois de serem violentadas são excomungadas todos os dias, e os que abusam sexualmente de crianças continuam não são excomungados, todos os dias (se fossem, talvez os padres fossem uma "espécie" em extinção). Mas Clodovil Hernandes se foi, e a sua fortuna irá, não para a Igreja, para meninas que possivelmente poderão escapar das estatísticas dos abusos familiares (e eclesiásticos). Em suma, Clô não morre todo dia!

Creio que comecei a escrever pelo meio, o tema do texto aqui redigido é Clodovil Hernandes, um homem com talento, coragem e inteligencia. Nunca foi telantoso como um Saint Laurent, corajoso como Zumbi ou o rapaz da Praça da Paz Celestial, muito menos inteligente como Platão, mas era ele, era autêntico. Era arrogante, mas com classe, sabia falar das coisas incomodando os que deviam ser incomodados. Era uma "bicha louca", mas sua loucura era recheada de conteúdo e intenções transgressoras, até certo ponto, subversivas, bem mais do que esses pseudo-marxistas que nos cercam de discursos batidos e com aquela coreografia braçal que todos nós conhecemos.

Clodovil era revolução e tradição em sua vida. Deu humor à moda, foi pioneiro com seu estilo de apresentar programas televisivos, fugia do óbvio sem perder a coerência... nem sempre agradava a todos! Pra falar a verdade, não agradava quase ninguém, era estereotipado pela maioria como um "gay que falava demais". Mas ele era mais, era um grande provocador, mas quando foi provocado, não soube manter a compostura, foi afastado da maioria das emissoras onde trabalhou pelo seu temperamento forte e sua incapacidade de segurar as palavras mais ferinas.

Depois de um tempo decidiu seguir a carreira política, quase como uma brincadeira, a última das suas provocações, dessa vez na da casa menos respeitada do Brasil, a Câmara dos Deputados. Mas seu mandato foi interrompido de forma abrupta e, pelo menos para mim, inesperada.

Com a sua morte, surgirá a Fundação Izabela (nome de sua mãe adotiva) que patrocinará as Casas Clô que seriam cor-de-rosa (óbviamente) e cuidariam de meninas órfãs. Lá, elas receberiam todo tipo de educação, desde aprender a pregar botão até se preparar para um concurso universitário. Isso tudo foi idealizado desde 2007 por Clodovil e registrado em seu testamento.

Que a Igreja siga o exemplo de Clô, e, ao invés de condenar (sexual e canônicamente), tente salvar a vida das crianças brasileiras.

Vai em paz, Clô... no paraíso não tem DST!

Pedido de Mulher

I

Porra, mulher!!! Que merda! Tudo o que eu faço te deixa infeliz, nada te satisfaz, absolutamente nada! Qual é o teu problema? Que mal há em sair com os amigos pra bater uma peladinha? Qual é o problema de eu beber com um monte de macho? Qual é o problema em sair para conversar sobre assuntos de macho? Pior, você mesma diz que nós temos sérios problemas por causa do meu estresse, diz que eu tenho que arrumar uma válvula de escape, relaxar, tirar a tensão que me trabalho provoca e coisa e tal. Basta eu sair, chegar tranquilo, com os bons fluidos da rua e você vem assim, quase me engolindo. Só falta querer cancelar o casamento! Nêga doida do caralho!!!

II

Puta que o pariu!!! É o que? Que tpm do caralho é essa? Como assim acabou tudo? Por um acaso eu tô voltando de um puteiro? Nem nessa vibe eu to mais, inclusive. Você bem sabe que as únicas mulheres que tenho comido além de você são as suas amiguinhas em nossas festinhas, e eu as como junto com você. Ah, já sei, você ta apaixonada por uma delas, eu devia suspeitar, anos e anos colando no alec-fú, um dia eu sabia que você voltaria pra essa vida de vez. Pois vá pra porra!!!

III

Rapariiiiga!!! Na verdade eu sei exatamente o que você ta pretendendo. Digo logo: te fode! Você ta usando essa situação pra conseguir algo que você quer há algum tempo. Deve custar muito dinheiro, por sinal. Vai, diz o que porra que tu quer pra morgar com essa história maluca de cancelar o casamento! É sempre assim, vocês, loucas, nós, reféns. Diz logo, infeliz das costa ôca!

IV

...

V

Puta, meu lôro! Deu o carai! Tinha coisa mais difícil pra pedir não, Chuchu? To vendo que o gardenal, o rivotril e o resto das coisas que tu toma pra controlar tua doidice fizeram o efeito contrário. Mas o que te leva a crer que eu vou atender a esse teu capricho? Na boa, eu até tentaria se não fosse alguma obra da lombra eterna que te rege. Recado dado? Soca no rabo!

VI

...

VII

Porra, meu amor, Clodovil morreu, caralho!!! Viaje errado não! Como é que eu vou conseguir uma merda de um vestido feito por ele que ninguém tinha usado? Ah, vá se fuder!!!

VIII

Puta que o pariu!!! Não acredito no que vou dizer... Ok ok, eu aceito! Dou meu jeito e o caralho, mas você tem que entender que essas coias não se arrumam da noite pro dia, e isso pode até adiar nosso casamento... eu porra, não chora, caceta! Tu pelo menos conhece alguém que pode me ajudar? Hã? Pai Totinha? Você quer que eu vá na macumba? Tu sabe que eu me cago de medo dessas paradas!!! Vou não, porra! Morgou o papo, caralho!!!

IX

...

X

Tu é fodinha, heim!? Diz o endereço desse frango veio pra ver se eu consigo alguma coisa. Tenho medo! Quando você estiver grávida... “quero um pão francês feito hoje, na França, com um pouquinho de queijo tirado da lua!” vai ser disso pra cima, vou lá, doida dos caralhos!!!

XI

Pela cara de fresco, deve ser tu mesmo... vou direto ao assunto! Tu tem que procurar e baixar Clodovil nesse depósito de esperma que tu chama de corpo. O resto eu resolvo com ele! E aí, rola ou não rola? Cinco mil? Caralho além de frango, macumbeiro, tu também é ladrão é? Aceita Visa?

XII

Féla da puta! Que demora do carai!!! É tu mesmo? Sim... digo logo, nem de velho nem de fresco, nem de político e nem de morto eu gosto. Tu é tudinho junto, então se ligue! E aí? Tem como desenhar um vestidinho pra minha noiva usar, não? Tu quer o que? Ufa!!! Eu tinha trazido um pote de KY pra facilitar a minha vida, mas vocês são uma resenha... agora, haja cu pra enfiar tanta vela, vu! Putaqueo...


FIM?

Confissão...

Eu te acho tão linda que, às vezes, prefiro bem longe ficar. Para eu não me deparar com teus defeitos, ou não me viciar com os teus trejeitos. Só para que você continue a ser a minha santinha de altar a quem sempre remeto os meus pensamentos, em certos momentos, em que o mundo parecer não ter mais sentido, e tudo estiver perdido.

E irás então aparecer, me deixando mudo.

Calada.

Mas dizendo tudo.

Alvi-Bolero



Se tua pele tiver
Cor igual a da tua alma
Precisarei de muita calma

Pois, alva
Vou me desfazer

Se teu sorriso tiver
O brilho do teu caráter
Serás, então, célula-máter

Pois, alva
Não vou me conter

Pois mesmo minha pele
Não sendo tão branca
E nem meu sorriso
Sendo do tipo Colgate

Suponho ter um quilate
Que merece você

Se tua pele tiver
Cor igual a da tua alma
Precisarei de muita calma

Pois, alva
Vou me desfazer

Se teu sorriso tiver
O brilho do teu caráter
Serás, então, célula-máter

Pois, alva
Não vou me conter

Pois este bolero
Não diz que te quero
E nem deixa dúvidas
Desse meu querer

Pois quando sorrires
Pela íris, Tamires
Eu tenho a certeza
Que vou enlouquecer

E quando pedires...
Intervires...
Explodires...
Tamires...

Procurarei te entender!

Escrava Branca

Ê, branca

Quando a saudade bater
E meu corpo chamar você
Seja minha escrava
E não deixe meu corpo fugir

Ê, branca

Eu confesso não saber
O que me atrai em você
Minha livre escrava
Apenas escrevo deixando fluir

Apenas escrevo, escrava
Como um escravo, escrevo
Você não gostar: o meu maior medo

Apenas escrevo, escrava
Como um escravo, escrevo
Até você virar o meu amor-enredo

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de Setembro

Há 8 anos, lembro bem, eu estava gaziando aula, jogando manager. Entrei em frenesi ao ver aqueles aviões penetrando aquelas torres, parecia um título de Copa do Mundo, para mim, que odiava os estadunidenses.

Hoje, um avião penetrou meu corpo metafísico, fez de mim uma torre em chamas e, logo após, me fez desabar.

Mas não tenho pena nem de mim, muito menos dos estadunidenses. Afinal, se Obama surgiu por lá, alguém pode surgir por aqui.

Que não demore 8 anos, por favor!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Revogue

Não vá simbora, morena
Pois nem minha morte é pena
Tão cruel para mim

Não vá simbora, morena
Pois é você, minha pequena
Meio meio e meu fim

Não vá simbora
Pois você chegou quase agora
Pra alegrar minha existência

Não vá simbora
Revogue essa lei que vigora
Nesse mundo sem essência

Pois quando o meu corpo
Teu corpo toca
No mundo, a maldade
Toda se intoca

Pois quando minh’alma
Encontra a tua
A Lua também quer
Ficar toda nua

Pra participar
Desse lindo amor

Pois quando o meu corpo
Teu corpo toca
Pois quando o meu corpo
Teu corpo toca

Pois quando o meu corpo
Teu corpo toca...

Por Te Amar

Odeio você
Por querer, por outro, morrer
E, por outro, desaparecer

Me deixando
Tão só

Odeio você
Por não querer abrir os olhos
E pelos teus “até logos”

Que na verdade
Eram adeus

Te odeio pelos meus
Te odeio pelos seus

Odeio você
Por não crêr ser possível
E por ser tão irredutivel

Quando a resposta
Era “não”

Odeio você
Por ter me deixado louco
E por me odiar tão pouco

Quando te queria
Feroz

Te odeio por mim
Te odeio por nós

Odeio você
Por juntos não termos
Entrado no mar

Odeio você
Mas só te odeio
Por te amar

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Por acaso e por insistência...

A conheci por acaso. A conheci por insistência. Um rosto em minha tela, belo, com um sorriso que me conquistaria, mas que me deixaria inseguro, de tão belo que era, de tão fascinante que seria.

O contato indireto, que nunca foi do meu feitio, foi a solução. Eis que descubro que ela tambéms queria me conhecer, que ela também queria saber quem eu sou, que o interesse era recíproco.

O medo trasformou-se em esperança e, logo após, em frustração. Era revelado a mim, por ela mesma, que existia alguém. Este balde de água fria foi seguido pela chama da esperança quando, em pouco tempo depois, eu soube que a pretensa relação teria acabado.

A partir daí, foram horas e horas de telefonemas, de algumas demonstrações públicas de afeto e de várias particulares, 6 horas sem se falar eram uma eternidade. Algo cresceu muito e muito rápido.

Pois é, tudo estava muito bom para ser verdade. Primeiro o cipume dos dois lados, depois os desencontros e conscidências infelizes, e enfim, nossos erros, nossos defeitos estimulando nossos comportamentos, acusações de ambos os lados. Veio o primeiro adeus.

Chorei e sei que ela também chorou. Sofremos juntos, porém separados. A personalidade de cada um nos levou a caminhos diferentes. Ela, a se envolver com outra pessoa. Eu, a esperar as coisas esfriarem e torcer para o amadurecimento de ambos os lados.

O inevitável aconteceu. A reaproximação com um tom saudosista, como se tivéssemos voltado ao tempo das flores, com as perguntas mais romanticamente capciosas possíveis de ambos os lados e a consciência de que nos amávamos, cada um do seu jeito, cada vez mais clara para ambos.

Alogo, porém, era diferente de antes, havia um terceiro, que sequer encarei como um adversário, que sequer tratei como um. Infelizmente, a hombridade e o caráter não trazem benefícios imediatos, a curto prazo. A ausência de ambos, sim. O benefício de se jogar sujo pode durar anos, décadas, quem sabe, ser algo irrevogável. Covardes, sim, mas se dão bem. É uma pena que prefiro a contra-mão deste tipo de comportamento, como diria Gandhi, as vitórias da verdade nunca foram obtidas sem riscos. Como sou um bom filho dele, assim segui.

O segundo e definitivo adeus foi dado. Talvez por mentiras de terceiros plantadas, ou por objetivos escusos alcançados... Eu não posso reclamar de nada! Na verdade, não podemos, nem eu, nem ela. Pois assim como nos conhecemos, perdemos, um ao outro.

Nos perdemos por acaso. Nos perdemos por insistência.

Bento São

No motel do mosteiro
Não é cobrado dinheiro
Todas as trepadas são sacras

Ósteas e clitóris, lambidos
Sugadas, todas as libidos
Orgasmos, rezas e mantras

No mosteiro, só no mosteiro
Tudo é absolutamente normal!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Palhaços do Porto

Vindos da Lua
Somos dois palhaços
Viajando através do laço
De um astro até a praça

Vindos da rua
Surfando no disco cósmico
Gozando na baba cósmica
Fiapos de Deus e guerra

Vindos da lama
Onde o místico vem do lixo
Onde lírico não tem brilho
E o circo não tem fama

Somos dois palhaços
Costurando os mil pedaços
Do imenso caos poético
Desmistificando tudo que é métrico

A verdade é base da nossa idade
É a base de nossa mentira
É a vida que nunca finda
Dos palhaços a bela atividade

A maquiagem que nos mostra o real
A máscara que esconde a loucura
A promessa que nunca dura
Mais que o sorriso q cura o mal

Somos apenas dois palhaços
Que se apresentam nessa praça
Que hilários vivem sem graça
Recolhendo nossos próprios pedaços


(Guma & Zadi)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Nota de esclarecimento.

Depois que postei a letra "O Neto de Terezinha (Ou História que Chico Não Contou)" recebi uma reclamação de uma pessoa que se sentiu insultada pelo texto, dizendo que ela estava sendo retratada nos seguintes versos:

A terceira chegou
Como quem fosse pro nada
Era uma puta velada
E, se matar, também tentou

Ela não sabe dos meus gostos
E nem sabe o que quer
Se é deitar na minha cama
Na de Fulano ou na de Mane

Não lhe dei umas lapadas
E nenhum tipo de agressão
Ela disse: “não és de nada”
E mais uma vaca disse“não!”

Enfim, venho afirmar que não há pessoas reais nesta história, que nasceu de uma conversa entre amigos onde falávamos sobre as diversas características das mulheres e as tentativas soluções que os homens decidem testar. Quem reparar bem verá os dois tipos de mulher que mais incomodam a nós, homens, que são as loucas e as putas, respectivamente. Confesso que o exemplo para as putas que utilizei teve algo de preconceituoso, mas foi o que eu consegui rimar. Já a terceira personagem é a junção das duas primeiras, com a qual o personagem em primeira pessoa opta por agir diferente das duas anteriores. Enfim, não passa de uma construção.

O fato é que usei apenas personagens, sem a intenção de citar ninguém. E espero que a pessoa reclamante não tenha se identificado com os adjetivos usados, coisa que me deixaria triste e preocupado com o seu futuro.

Espero não receber mais reclamações.

Um grande abraço para todos!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Centroavante.

O centroavante é aquela figura mitológica que têm o controle sobre o espaço e o tempo. É aquele que, com um toque na bola, decide uma partida, faz a alegria de seus torcedores e provoca a tristeza dos seus adversários.

Há todos os tipos de centroavantes. Uns, leves, outros, pesados, há os centroavantes altos e os baixos, os habilidosos e os pernas de pau.

Mas se ele é centroavante, é pelo fato de que seu ofício é colocar as bolas pra dentro das redes, portanto, cuidado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A Bela Moça Que Me Lembra(va) Pensão


Para Tamires Costa

Creio que não mereces ser descrita
Apenas na forma de uma prosa
Peço que tomes, como uma rosa
Os versos de minh’alma maldita
Sei, de amor, és transbordosa
É fácil perceber, és carinhosa
E o contrário, ninguém acredita

Fazes de sua vida uma coisa restrita
Não procuras ser tão estilosa
Sentir qualquer sensação horrorosa
É uma das coisas que você evita
És frágil a alguma rebordosa
Porém sua silhueta é perigosa
Moça de ouro, uma valiosa pepita

Eu já assumi que, antes, não sabia
Se és branca de côco ou de neve
Mas teus olhos são de uma alma leve
Se muito os olhasse, até levitaria
Fosse de noite, de tarde ou de dia
Passaria a bendita, a alma que escreve
E te peço, desde já, que você releve
Ultrapassagens dos limites da ousadia

Eu imagino que seu olhar já invadia
Quem, há tempos, encará-lo se atreve
Ao teu olhar não se dá um olhar breve
Ele é mistura de ternura e simpatia
Ódio, compaixão, garra e alegria
Aumento salarial e estado de greve
E com a pureza de quem se atreve
A ficar triste em meio à plena folia

Sua magreza vem de forma elegante
E seu sorriso, com uma rara beleza
Em outra vida, terás sido realeza?
A resposta: mais um óbvio ululante
Pois teu sorriso é troféu na estante
É o remédio para qualquer tristeza
E redenção pra qualquer malvadeza
Que você invente de levar adiante

É, das imagens, aquela mais dopante
Aquela que dá a mais pura certeza
Que, no mundo, não teria impureza
A partir daquele belo e exato instante
Que, de tropas, ele estivesse adiante
Acalmaria os momentos de incerteza
Tivesse, um guerreiro, grande destreza
Nunca tentaria atacar um semelhante

Tua voz escutar, uma emoção tão rara
Já que não falas tão constantemente
Elevas cada ser e compras cada ente
Criando, em alguns, o pecado da tara
Em cada ouvido em que tua voz entrara
Criar-se-ia, logo, mais um doente
E tomado seria um tubo de aguardente
Por aquele que tua voz desencaminhara

Pois ela soa tão linda e tão clara
Que faria um satanista virar crente
Ou até político safado virar gente
E devolver o dinheiro que roubara
Tua voz faria meu corpo ficar odara
Me fazendo cantar de tão contente
Faria um culpado virar inocente
Abriria um oasis no deserto do Saara

Eu já assumi que o teu lindo nome
Sempre que ouço, me lembra pensão
Isso já me deu até muita aflição
Coisa que hoje já não me consome
É teu rosto lembrar para que tome
Ao sentimento, outra siginificação
Pois teu nome pode ser a solução
Fazendo de mim um poeta de renome

Bem sei que poema não mata a fome
Nem paga a água, a luz ou pensão
Mas ela provoca aquela tal emoção
É o alimento que nossa alma come
E a tristeza, depois disso, some
E tu, ambulante poema ou canção
Fostes a mais bela inspiração
Para que, ao cordel, eu retome