terça-feira, 30 de novembro de 2010

Muricy Futebol Clube




Eu havia escrito este texto quando fiquei sabendo que hoje, por um acaso, é aniversário de Muricy... enfim... um pequeno presente para um grande mestre!


Nada contra o competente Mano Menezes, mas sabemos que se existe um treinador que, ao lado do ex-inquestionável Felipão, possui méritos infinitamente maiores para estar a frente da nossa seleção, este alguém se chama Muricy Ramalho. Sabemos que ele teve a sua chance de estar comandando a Canarinha, mas naquela que foi, ao meu ver, a maior demonstração de ética profissional da história do futebol brasileiro, Muricy recusou a chance de realizar o seu sonho por um simples motivo: provar, de uma vez por todas, que a palavra de um homem vale mais do que um papel assinado. Diante desses fatos, haveria alguém mais merecedor do título brasileiro de 2010?

Se caso o Fluminense sagrar-se campeão brasileiro de 2010, creio que não haverá muitas pessoas a questionar o merecimento do Tricolor das Laranjeiras, muito menos a enorme, a gigante porcentagem de mérito devido a Muricy que, ao contrário do que pensam os babões de plantão, não é um gênio... é aquilo que eu gostaria de batizar de Operário-rei!

Explico, Muricy não é um gênio tático, além de algumas vezes mexer mal no time. Não quero com isso dizer que ele tem uma má leitura de jogo, muito pelo contrário, ele tem o feeling mais feelingoso do futebol brasileiro, à frente até de Scolari, e talvez por confiar tanto nele, acaba pecando em algumas substituições que desestruturam taticamente sua equipe. Seus maiores méritos são o controle do grupo e a seriedade de seus treinamentos. Ele consegue tirar 120% de qualquer equipe que ele venha a treinar, sempre deixando bem claro para os seus atletas que todos ali são transitórios, inclusive ele, mas que estão ali, naquele momento, recebendo uma fortuna, para dar resultados, para trazer títulos e que essa é a obrigação deles.

Tive o prazer de conversar com Muricy em duas oportunidades, a primeira, num shopping de Recife, num desses agradáveis acasos, quando ele era treinador do Clube Náutico Capibaribe. Foi uma conversa rápida onde eu o questionei quanto ao ponto mais importante do futebol para ele, para ser um vencedor. Sua resposta foi um ensinamento inesquecível, não me lembro exatamente das palavras utilizadas, mas ele disse que o trabalho do cotidiano, o treinamento intensivo, o comprometimento do grupo e, principalmente, do comandante, os exemplos vindos de cima, são imprescindíveis para a possibilidade de conquista. O que mais me chamou atenção nas palavras de Muricy foi quando ele se referiu ao momento em que o título chegasse, foi quando ele disse que essa era a parte mais difícil, pois do topo só se vai para baixo, é o momento de administrar os egos para que a equipe mantenha-se focada na manutenção do espírito de campeão. Ele, anos depois, deu uma aula de como manter esse espírito ao conquistar por três anos consecutivos o campeonato brasileiro pelo São Paulo. Um feito inédito no Brasil.

Veio 2009 e a bruxa estava solta, desclassificação para o Cruzeiro na Libertadores da América, demissão por parte da imbecil diretoria do São Paulo e admissão por parte do Palmeiras. Lá, ele teve a oportunidade de ser campeão brasileiro pela quarta vez consecutiva, mas havia algo errado no Palmeiras, na verdade, ainda há. Os três melhores treinadores brasileiros estiveram lá nos últimos dois anos, Luxemburgo, Muricy e, atualmente, Felipão. Nada deu certo e ficou óbvio que não eram os treinadores os problemas da casa, mas como não estou aqui para falar do Palestra, sigo adiante.

O fato é que perder o campeonato brasileiro de 2009 não estava nos planos do Palmeiras, que liderou com folga a maior parte do torneio, mas acabou sem se classificar, sequer, à Libertadores. Veio 2010, um campeonato paulista inconstante e a demissão de Muricy parecia ser o começo da sua decadência profissional. Parecia, pois havia um Fluminense apostando em seu talento. Apostando num projeto que, com toda a certeza, não esperava um resultado a curto prazo. Nem a Seleção separou Muricy do Fluminense, que recusou o convite pois havia apalavrado uma renovação com o seu presidente, repito, havia apalavrado, do verbo apalavrar, do substantivo palavra, complementada pelo adjetivo homem. Repito, ADJETIVO HOMEM!

Mesmo sendo criticado pela imprensa (principalmente pelo "extremamente ético" Milton Neves), Muricy seguiu seu trabalho que está para se transformar em título, depois de mais de duas décadas de jejum do Fluminense, mas que seria o quarto título brasileiro em cinco anos e a insônia eterna dos arrependidos diretores de São Paulo e Palmeiras. Não sou torcedor do Fluminense. Torço pelo Tricolor Pernambucano, pelo Giallorosso Romano e pelo trabalho feito com ética e competencia. Sou Muricy Futebol Clube!

João Paulo Güma - Ratos & Urubús


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Memórias de Um Amnésico Quase Recifense: Cap I - Tempo de Mudanças (Parte 2)


NARRADOR: São seis horas da noite, hora de ir para casa. Não que seja perigoso na rua quando anoitece. Ainda estamos no tempo em que podíamos brincar até quase a madrugada e não havia perigo. Afinal, estávamos no subúrbio, longe da agitação e da maldade da cidade. Absolutamente, quando anoitece não fica perigoso na rua. Fica perigoso em minha casa.

GIOVANNI: Oi, Painho!

LUIGI: Oi, Painho!

PAI: Oi...

GIOVANNI: Oi, Mainha!

LUIGI: Oi, Mainha!

MÃE: Oi, Luigi, cadê o xêro de mainha? VOCÊ JÁ FEZ O DEVER DE CASA, GIOVANNI???

GIOVANNI: Ainda não, mainha.

NARRADOR: Essa é a minha mãe, Adriana Fontes. Não é que ela esteja nervosa, ela é nervosa! Talvez tenha até razão, ao invés de ficar em casa cuidando e educando os seus próprios filhos, trabalha em duas escolas, cuidando e educando os filhos dos outros. Obviamente que isso deixa qualquer um nervoso, principalmente quando se trabalha na rede pública de ensino, ou seja, o retrato mais fiel do que será o pós-apocalípse na Terra.

MÃE: Filho... dá um jeito nesse menino! E quando você vai fazer esse maldito dever, hein?

NARRADOR: Não estranhem, eu não tenho um outro irmão. Ela chama meu pai de filho e os filhos ela chama de... chama de Giovanni e Luigi. Afinal, ela os escolheu para isso, não é? Meu pai também tem um nome, Severo, mas não foi ela quem deu, talvez por isso ela não o chame pelo nome...

PAI: Vou tomar banho agora!

GIOVANNI: Daqui a pouco eu faço, mainha, deixa eu assistir o “Mundo de Beackman” e “Anos Incríveis”.

NARRADOR: Eu morria de tesão pela assistente do Beackman.

MÃE: Mas isso é daqui a quanto tempo?

GIOVANNI: Ainda tá passando “Tim-Tim”, daqui a pouco começa...

MÃE: Nem Tim-Tim, nem Tom-Tom, desligue essa televisão ou então você me leva uma pisa!

NARRADOR: Invariavelmente, assim caminhava a maioria dos diálogos divergentes entre eu e a minha mãe. Uma pergunta; uma resposta; uma pergunta acerca da resposta a sua pergunta; uma nova resposta; uma nova pergunta relacionada à resposta anterior; uma resposta levemente atrevida, mas cheia de esperança de ser compreendida e, acima de tudo, aceita como razoável; finalmente, um trocadilho extremamente mal posto, que só ela era capaz de dizer, seguido de uma ameaça de surra ou castigo que, dependendo da minha reação, podia deixar de ser uma mera ameaça para se tornar um fato. Um doloroso fato.

GIOVANNI: Só vou fazer depois de assistir “Anos Incríveis”!

MÃE: Você está me desafiando, Giovanni Fontes?

GIOVANNI: Não, mainha, mas eu só vou fazer o dever de casa depois de assistir “Anos Incríveis”!

MÃE: Pois bem, você agora vai assistir “Cinturãozadas Incríveis”!!!

GIOVANNI: Não mainha! Não Mainha! Nãããããoooo...

NARRADOR: É... eu disse que ficava perigoso em minha casa depois das seis. Eu não sabia se eu a odiava mais pelas surras ou pelos trocadilhos ridículos, mas o fato é que eu, realmente, rezava para que ela só chegasse em casa completamente exausta e, é claro, depois de eu estar dormindo. Ainda bem que do prédio ao lado não dá para ouvir os meus gritos...

(continua)

Amor de Mordaça: O Encanto (Fragmento II)


Minha decisão foi tomada, irei à luta! Durante um exercício da disciplina onde estudamos juntos, escrevo um texto de cinco frases fazendo uma descrição dela, de uma forma meio realista, meio poética. Não preciso dizer que utilizei adjetivos bem mais suaves do que aqueles dos quais que me vali até agora. Escrevo: “Branca, não sei se de neve ou de coco, seu nome me lembra pensão. Sua calça jeans se encaixa bem em seu franzino e belo corpo. Sua camisa, da cor de burro quando foge, se encaixa igualmente bem. Seus olhos lindamente redondos parecem pedir algo. Seus cabelos pedem um cafuné, e sua textura lisa e sedosa torna-se um irrecusável convite.” Ui!

No momento de entregar é que eu percebo a minha situação. Na saída da aula, ela se senta na escada que fica de frente ao corredor, minha espinha arrepia-se, as minhas pernas tremem e minha barriga deixaria uma dúzia de cervejas na temperatura ideal para o consumo. Decido ser rápido, digo-lhe, quase gaguejando, que escrevi algo para ela, entrego-lhe o pedaço de papel com o tal texto, simulo uma pressa e vou embora, antes mesmo que ela tenha tempo de ler. Graças ao Bom Pai Celestial dos Tímidos Desesperados e/ou Cagando-se de Medo, saio desse momento sem ser vitimado por uma uma parada cardíaca. Chego, contudo, na frente do prédio onde estudamos com as pernas bambas e com o suor frio. Finalmente, sento-me no chão e me pergunto: o que está acontecendo comigo?

Espero o seu retorno. Mentira, eu vou em busca do retorno através da “grande rede”. Consigo trocar palavras com ela via internet, depois de uma busca de quase cinco horas num site de relacionamentos, sem nem saber se ela possuía um perfil no mesmo. Percebo que uma aproximação feita pessoalmente torna-se um pouco complicada. Eu sempre fui tímido, mas eu combatia minha timidez com uma cara-de-pau poucas vezes registrada na história da humanidade e/ou da literatura. 

Pela internet, ao contrário da vida real, consigo tecer alguns pequenos diálogos e, assim, me aproximar um pouco mais. O fato de eu achar que ela é apaixonada por um dos rapazes que conosco estuda me faz sentir um medo estranho, o medo de não conquistá-la. Mas ela é só uma garota, por qual motivo não conquistá-la seria motivo para um temor desta magnitude? 

O fato é que, depois de muito gelar, tremer e bambear, consigo convidá-la para um encontro. Antes disso, a inspiração causada por ela, juntamente com algo que eu não sabia mais explicar o que era, me faz escrever um cordel inteiro, isso mesmo, um cordel inteiro completamente dedicado e inspirado nela, algo saído de minhas entranhas, possuídas pelo encanto gerado por esse ser que começa a me tirar o sono.

Chega o dia de sairmos, um pouco antes ela me avisa que levará uma amiga (adianto que tempos depois descubro que trata-se de uma lésbica completamente apaixonada por ela) e que ela passará o tempo todo conosco. Um balde de água fria em minhas pretensões, mas decido encontrar saídas para esse pequeno contratempo ao invés de ficar a lamentar. 

É bem verdade que esse encontro só ocorrerá por eu estar ensaiando uma peça a duas esquinas de onde ela toca maracatu juntamente a um grupo de percussionistas. Estamos montando “Tristessa” de Jack Kerouac. 

Faz um bom tempo que não atuo num nível como o que sou obrigado a atuar para estar à altura de meus companheiros de peça. Além de tudo, me aprofundo em minhas leituras da “Geração Beat”, que eu conhecia muito superficialmente, para compor o personagem que eu irei interpretar. 

A história contada por Kerouac é basicamente autobiográfica, falava de suas andanças pelo México e de sua paixão platônica por “Tristessa” que, na vida real, chamava-se “Esperanza”. 

Ironicamente, eu estava no limiar entre uma e outra. Eu não estava lá muito bem, minha última relação havia me dado bastante esperança, mas acabou me deixando com a tristeza. Já a minha atual atração pela branquinha, completamente sem precedentes, diga-se de passagem, também me deixava nessa dicotomia. Eu não sentia uma reciprocidade àquilo que eu demonstrava timidamente. Isso, obviamente, me deixava triste. Mas ela não havia fugido ainda, isso me deixava esperançoso. 

(continua...)

domingo, 28 de novembro de 2010

A Moça do Beijo Psicodélico


Você toca nas cordas da minha alma
Bebe a cachaça de minha essência
Canta o sim ou não de minha calma
Você dá o tom de minha existência

Você pode brincar de brincar comigo?
Você pode escolher o sim, talvez?
Você pode atender quando eu ligo?
Você pode ver o que fez?

Fez de mim, com um beijo...
O mais forte...
E o mais fraco dos homens!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Música, Fascínio & Pancake



Senhores, senhores... estive no dia de ontem, 21 de Novembro, no Marco Zero, de uma forma completamente acidental, assistindo a apresentação do Teatro Mágico. Juro que minha visão em relação ao grupo não era lá das melhores, mas, após assistir o tal show (afinal, pra se falar é necessário ver e ouvir), percebi que minha visão piorou bastante. Não falo do grupo em si, mas falo da proposta, uma espécie de mistura entre Jota Quest, Zeca Baleiro, Cordel do Fogo Encantado e Patati-Patatá.

Juro que não estou sendo irônico, muito menos preconceituoso. A verdade é que, para um amante da música feita com originalidade, Teatro Mágico não desce. Não vim aqui fazer um ataque direto ao grupo, que são músicos que fazem uma música de uma qualidade regular, mas ataco a proposta, a pseudo-poesia lotada de lugares comuns, a utilização do circo como um elemento completamente desassociado com a música, apenas para, quem sabe, desviar a atenção das letras superficiais cheias de pretensão. O fascínio decorrente disso lembra muito os desvios forçados de atenção dos nossos queridos palhaços Patati & Patatá, dos quais sou expert e sei todas as letras, graças, óbvio, à minha pequena filha, que me força a assisti-los com ela. Menos mal, pois vi pais com uma tarefa bem mais complicada ontem, assistir o Teatro Mágico, alguns com suas filhas em suas costas...

O Ponto básico, que mais me incomoda, talvez seja o fato de que eles, a “trupe” do Teatro Mágico são POPs, tal qual, por exemplo, o Jota Quest, mas, pelo menos, os mineirinhos ruins de música não cobrem a cara de pancake e atolam gente brincando com malabares. Ele enfrentam o público de cara limpa, essa é a diferença básica. Óbvio que o Teatro Mágico tem uma música um pouco menos ruim do que a banda mineira, não vamos negar. Essa constatação que eu já havia em minha mente foi reforçada por um de meus companheiros de martírio nesta noite, meu grande amigo Biagio Pecorelli. Foi quando eu vi que não era louco, e se fosse, não estava sozinho. O fato é que, para quem gosta realmente de circo, assim como eu, o Teatro Mágico é mais do que uma poluição visual e sonora, é um insulto. Deu vontade de montar uma banda de brega e colocar umas meninas de bermudinha coladinha, controlando aereamente garrafas de cana. Sem dúvidas seria bem mais original.

Mas, enfim, não venho discutir gostos. Gosto é que nem nosso tão necessário (e por alguns, tão maltratado) anus... cada um tem o seu.

Que saudade de Tom Zé!

Até Aonde Você Vai Por Ele?

Olá! Quem acompanha o Palavras sabe que nunca coloco textos que não sejam meus, mas eu li esse texto e achei tragicamente engraçado e vou dividí-lo com vocês:

Seus pais, irmãos, todos acham que você merece coisa melhor. Você sofre, o que fazer?

Se tem alguém no mundo com quem podemos contar, com certeza, vai ser um membro da nossa família. Afinal, pai, mãe e irmãos compartilham conosco todos os momentos da vida e, consequentemente, são nossos maiores alicerces. É por isso que quando algum deles - ou todos! – se volta contra nós é duro de segurar a barra. E, sem dúvida, uma das campeãs de discórdia entre pais e filhos são as escolhas amorosas. Ele é malandro, é muito mais velho, é mais novo, não tem futuro, é separado... O que não falta é defeito para alegar. Será que é possível o mar de rosas da relação permanecer depois dessas intempéries familiares?

Rejeição insuportável

Não é preciso que seus pais – irmãos, cachorro e papagaio – morram de amores pelo seu parceiro. É um direito deles não o considerarem a pessoa ideal, até porque você também sabe que ele está longe de ser perfeito. O problema é quando a implicância é descarada e constante. "Meu ex-sogro sempre deixou clara uma postura de reprovação quanto a mim. Ele olhava para a minha roupa, fazia cara feia por causa do meu jeito", conta o designer Francisco Rodrigues, de 28 anos.

Por mais que o casal tentasse deixar aquilo de lado, era impossível o mal-estar não contaminar a relação de alguma maneira. "Ele insistia que eu tinha que fazer um concurso público, porque achava que um designer não valia de nada para construir uma família, ter uma casa... Então, volta e meia era aquela ladainha, ele querendo fazer a cabeça da minha namorada e enchendo o meu saco também", reclama Francisco, dizendo que a reprovação do sogro, sem dúvida, influenciou no término do relacionamento, que durou três anos. "A gente queria casar e quase fizemos, mas além de outros problemas, isso atrapalhava muito, eu sempre me senti supermal. Pô, viver próximo de alguém que te acha um perdedor!", confessa ele.

Complô familiar 


Ser rejeitado pela família do parceiro parece ser realmente deprimente. Só que isso não significa que quem está do outro lado sofre menos, não. Viver tendo que rebater as críticas, tentando convencer os pais não só das qualidades do namorado, como também do fato de que o que é bom para eles pode não ser o melhor para você é pra lá de desgastante. "Tive uma namorada, quando eu tinha 15 anos, que a minha mãe odiava. Achava ela muito grudenta", diz o estudante Thiago Ribeiro, de 23 anos, não excluindo a possibilidade da implicância da mãe ser um pouco de ciúme também.

"Quando ela soube então que eu tinha perdido a virgindade, deu chilique! Não deixou mais a menina frequentar a minha casa. Para piorar a situação, a mãe da minha namorada também passou a me odiardepois que soube que a gente transou e não pude mais ir à casa dela. Ou seja, um complô contra nós", define Thiago. Depois disso, o casal passou a se encontrar escondido, mas por pouco tempo. "Aí não deu mais, já tava tudo babado", explica o estudante.

Sensatez é o caminho


Por outro lado, existem pais e mães que demonstram impressionante serenidade e discernimento na hora de questionar a escolha amorosa da filha ou do filho. Aconteceu com a publicitária Michelle Gouveia, de 28 anos, cujos pais não a pressionaram nem quando souberam que o namorado colocou-lhe um par de chifres. "O Guilherme me traiu quando viajei para os EUA. O problema foi que ele fez isso numa festa na casa dos amigos do meu pai. Meus pais ficaram sabendo. Eu perdoei o Gui, mas eles não", conta. Mesmo assim não exigiram que a filha terminasse o namoro. "Eles não se meteram na minha vida, só que nunca mais trataram o Gui da mesma forma. Não eram mais carinhosos com ele. Na verdade, não achavam que o relacionamento fosse durar muito e foi realmente o que aconteceu. A traição tinha sido só um sinal de que as coisas não iam bem", acredita Michelle.


Segundo o psicólogo e sexólogo Cássio dos Reis, apesar do medo e da preocupação serem naturais, existem muitas famílias possessivas, que, ao invés de investirem no diálogo aberto, cerceiam a liberdade do jovem. "Quando o seu filho nasce, você se sente mais competente. Ele vai crescendo, se transformando em gente, só que você sempre tem a sensação de que ele é seu. A preocupação dos paistem que servir de sinalização e não de boicote. Porque limitar a sua liberdade só vai incentivá-lo a transgredir de alguma forma", argumenta Cássio. 

De nada adianta, entretanto, achar que a culpa pelos desentendimentos é toda dos pais que não conseguem lidar com o fato de seu rebento estar se tornando independente. "Qualquer pessoa que se envolve com outra tem que levar em conta que esse indivíduo é resultado da família que o criou e tentar conviver da melhor maneira possível”, recomenda o psicólogo, alegando que em muitos casos os familiares se sentem deixados de lado e passam a rejeitar a pessoa não por agressão, mas por defesa.

O segredo é procurar estar próximo, comparecendo aos eventos familiares, para que o diálogo se desenvolva cada vez mais. “O filho ou filha deve conversar bastante e tentar mostrar para a família que, apesar das diferenças que o separam de seu parceiro, existem muitas outras coisas que somam. Os pais, por sua vez, devem confiar naquilo que ensinaram, acreditando que ele terá capacidade de transformar as suas relações e escolher o que é melhor para si”, finaliza Cássio dos Reis.

sábado, 20 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Os Manos do Mano



A primeira derrota a gente nunca esquece. Principalmente quando se está a frente da maior seleção do mundo. Pior é quando essa derrota é contra o seu maior rival no último minuto da partida. Todos esses requintes marcantes estiveram no Khalifa International Stadium, em Doha, no Catar, na última quarta-feira. O primeiro Brasil x Argentina pós-copa, após um duplo fracasso. Alguém haveria de ir à forra! Sorte dos nossos “hermanos”! É óbvio que os galvãobuenistas haverão de dizer: “é muito ruim perder para a Argentina”, com certa razão, mas o que importa são os dois torneios-chave da era Mano Menezes: as Olimpíadas de Londres e a Copa do Mundo do Brasil.

Não há como negar que uma renovação com a profundidade que Mano Menezes tem se proposto a fazer dentro do plantel de Seleção pode assustar, mas o fato é que boa parte dessa renovação deveria ter sido feita na época de Dunga. Ganso, por exemplo, que hoje é indispensável para a seleção, deveria ter sido testado. Pato, outro que faz falta quando não joga no atual time de Mano, deveria ter recebido mais votos de confiança por parte do antigo treinador (que parece ter guardado todos eles para Michel Bastos e Felipe Melo). Nenhum dos volantes que foram levados por Dunga à Copa da África são melhores do que Lucas, assim como nenhum homem de movimentação no ataque é mais perigoso do que Neymar.

Na partida contra a Argentina, foi possível verificar o esboço daquilo que será a real seleção de Mano. No gol, apesar de muito bom goleiro, Victor deverá perder sua posição, ao longo do trabalho de Mano, para Júlio César. A lateral-direita possui um dono, Daniel Alves. A não ser que Lúcio tenha o DNA de um highlander ou que surja um super-zagueiro nesse meio-tempo, Thiago Silva e David Luiz formarão a dupla de zaga brasileira. Na lateral-esquerda a dúvida da copa persiste. A solução, para mim, é um óbvio ululante: Marcelo. O lateral/meia do Real Madrid tem todas as condições de ser titular da posição. André Santos é um bom jogador e será um ótimo reserva.

No meio-campo, Lucas é indiscutível e insubstituível, enquanto primeiro volante. Ramires e Elias vão brigar às tapas por essa segunda vaga entre os volantes. Se Mano Meneses optar por um esquema mais audacioso, um 4-3-3, com Lucas como cabeça-de-área, com dois homens vindos de trás e Robinho e Neymar abertos pelos lados do campo municiando Pato. Ramires e Ganso deverão ser esses dois jogadores do meio-campo à frente de Lucas. Já no caso de um 4-4-2 padrão, vejo Elias entrando nesse time, além de uma disputa entre Robinho e Neymar por uma vaga no ataque ao lado de Pato. Antes que me perguntem... não! Ronaldinho, não! Kaká, talvez, mas Ronaldinho, não!

Contra a Argentina, o Brasil sofreu com a falta que Ganso e Pato fazem a essa seleção. Ganso tem uma personalidade atípica para a sua pouca experiência, domina as ações ofensivas do Brasil, coisa que Ronaldinho, convocado para suprir essa necessidade criativa, não conseguiu fazer. No ataque, Neymar e Robinho são bons em abrir espaços, mas não são finalizadores. Pato é completo, tem todos os atributos, velocidade, habilidade, finaliza bem por cima e por baixo, sabe abrir espaços, tem um bom passe, enfim, se Pelé era nota 9,5 em todos os atributos, Pato, para mim, é nota 8.

Perder para a Argentina não é nada agradável, mas ver que a Seleção está num rumo razoavelmente correto leva o torcedor brasileiro a acreditar que sim,é possível conquistar o Hexa em casa. Mas a estrada é longa e árdua.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Paulatinamente



Ô menina do sorriso-xamã
Mais parece filha de Iansã
Ô menina do sorriso

Ô menina da alma lilás
Veja o bem que você faz:
Ainda estou vivo

E vivo
Pra contigo
Viver...

E vivo
Pra contigo
Viver...

Paulatinamente...

Paula, latina
Minha menina
Em minha mente

Toda matina
Minha menina
Em minha mente

És o ente
Do qual mais preciso

Õ menina beijo-maracujá
Se tua mãe fosse Yemanjá
Eu estaria perdido

Ô menina do desejo meu
Que a minha alma escolheu
Não sei por qual motivo

Me motivo
Ao pensar
Em você

Me motivo
Ao pensar
Em você

Paulatinamente

Paula, latina
Minha menina
Em minha mente

Toda matina
Minha menina
Em minha mente

És o ente
Do qual mais preciso

Memórias de Um Amnésico Quase Recifense: Cap I - Tempo de Mudanças (Parte 1)



NARRADOR: 1994, eu tinha 11 anos. Muita coisa importante aconteceu naquele ano. Ayrton Senna morreu tragicamente em Ímola. Nos Estados Unidos, o Brasil foi tetracampeão mundial de futebol. Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente do Brasil. A música baiana começava a poluir os nossos ouvidos e eu estava prestes a passar do primário para o ginásio. Um passo e tanto para quem achava que não sobreviveria o suficiente para ver a as Olimpíadas de Barcelona, em 1992. O fato é que, nos anos anteriores, o Brasil, assim como o resto do mundo, passava por transformações importantes. A não ser nas escolas, nas aulas de história, não se ouvia mais falar em ditadura militar. Definitivamente, a Guerra Fria poderia ser considerada passado e Rocky Balboa não precisava mais lutar contra soviéticos. O “Fora Collor” havia sido um sucesso e a democracia no Brasil começava a amadurecer. Tínhamos uma moeda forte e um tempo de prosperidade se ensaiava aqui e lá fora. O melhor nisso tudo era que eu não estava nem aí pra nada disso. Sejamos sensatos, eu era uma criança, uma criança do subúrbio, uma criança cheia de sonhos e com o seu mundo particular para tomar conta, para descobrir a cada dia, um mundo do tamanho de... uma rua de um bairro do subúrbio da região metropolitana do Recife, Pernambuco. Quer algo maior do que isso? As pessoas acham que os subúrbios possuem as desvantagens das cidades e nenhuma das vantagens do campo, e vice-versa. Eu achava o contrário! Na verdade eu sequer pensava sobre isso e, apesar de todas as questões que fazem parte de ser um suburbano nos anos 90, sei que foram anos maravilhosos em meu bairro, principalmente para mim, para nós, crianças. Bem, este jogando bola sou eu, Giovanni Fontes, 1994. Não tenho modéstia nenhuma em dizer que eu sempre fui um atacante matador.

VAN: Ei, Giovanni, como é que tu perde um gol desses? Põe o pé na forma, miserável!

NARRADOR: È, este é Vânderson Lira, Van, para os mais íntimos. É o meu primeiro e melhor amigo. Temos a mesma idade e acho que nos conhecemos desde a barriga da minha mãe, ele mora no bairro vizinho, ao lado da casa da minha avó. Como eu sou preguiçoso e minha mãe ainda não me deixa pegar ônibus sozinho, hoje ele veio jogar bola com a gente, aqui, em meu bairro.

LUIGI: Hihihihi!!! Bicho Ruim!!!

NARRADOR: Já aquele, na janela do primeiro andar, rindo como uma fora uma hiena recém-nascida é o meu irmão, 4 anos mais novo. Luigi, mas podem chamá-lo de “O Favorito”. Vocês devem imaginar o porquê. Não reparem a diferença da cor de nossas peles, basta olhar para os nossos rostos para perceberem que somos mesmo irmãos. Por mais que convivendo conosco essa impressão fosse para o espaço. Claro que eu tenho a minha própria teoria sobre isso. Mas o fato é que saímos do ventre da mesma mãe, isso sem não antes sairmos do testículo (ele, provavelmente do direito e eu, certamente do esquerdo) do mesmo pai. Enfim, ele recebe todas as regalias de ser o caçula da casa, enquanto eu recebo todas as cobranças por ser o mais velho, o primeiro, o pioneiro. Mas, mudando de assunto...

VAN: Passa a bola, Matutinho, deixa de ser fominha!

GIOVANNI: É, se é pra jogar sozinho não tira o time!

MATUTINHO: Se eu tivesse um time bom, não jogaria sozinho! Além do mais... foi gol!

NARRADOR: Este é Fernando Motta. Mas estamos no subúrbio, quase todos têm um apelido e, para nós, ele se chama Matutinho, o craque da rua. É óbvio que ser dois anos mais velho ajuda muito. Não que Pelé fosse dois anos mais velho do que alguém naquele time de 58, óbvio que o talento ajuda, e é claro, daqui a dois anos estarei jogando igual ou melhor do que ele. Serei do tamanho dele, inclusive. Ele é o filho do senhor que vende água mineral para a maior parte do bairro. Não que os filtros de barro, ou mesmo aqueles que colocamos na torneira não existam nessa época, apenas estão no início de processo de extinção. O seu pai, para ele e, confesso, para mim também, é uma espécie de visionário. Investe num negócio em expansão, por mais que eu ache não vai ter muita gente que vai querer dar 50 centavos por vinte litros de água. O fato é que, como ele ajuda o seu pai no trabalho após a escola, ele ganha uma grana extra e pode fazer a tarefa de casa à noite sem problemas, ao contrário de todos nós.

MÃE: Obrigação, primeiro. Diversão, depois!

NARRADOR: Essa voz do além é a da minha mãe e seus sermões intermináveis. Mas não é hora de falar dela agora, pois o evento principal de cada tarde está se aproximando, com um cabelo rabo-de-cavalo, saia jeans, blusa rosa, sapatos All Star vermelhos, e, o principal, o sorriso mais lindo da face da terra. E lá vem... voltando do reforço escolar... vindo em minha direção. É ela, a musa de 11 em cada 10 pivetes do bairro. A dona da bola. A rainha do milho de nosso eterno São João. A imperatriz de nossas medíocres existências. A suprema, a inigualável, a minha...

CAROL: Oi, Nandjinho... eu tava com saudade de você!

NARRADOR: Nandjinho? Como assim Nandjinho? Ok, o verdadeiro nome de Matutinho é Fernando Motta, mas só os íntimos o chamam de Fernando... Mas, se os íntimos o chamam de Fernando, qual adjetivo se dá para quem o chama de Nandinho? E o que se dirá de quem o chama de Nandjin...

MATUTINHO: Eu também tava com saudade de você, Carol... tá se escondendo de mim é?

NARRADOR: Péra, péra, péra, péra, péra, péra! Desde quando eles têm essa intimidade para falar assim um com o outro? Antes de me explodir em revolta, explico: esta é Carolina Lima, um ano mais velha do que eu, mora no prédio ao lado, senta na cadeira ao lado da minha na classe onde estudamos e é a minha paquera desde a 3ª Série, ou seja, uma eternidade. É a mulher com quem quero viver lado a lado, dormir lado a lado (de ladinho ou não), ou seja, é a mulher que eu quero ao meu lado, ou melhor, junto a mim até o fim de meus dias. Já cansei de trazer os livros dela da escola até aqui, cansei de brincar de esconder, de pega-pega (sem gracinhas, por favor!), de Banco Imobiliário, enfim, compartilhamos parte importante de nossas vidas durante esse tempo todo e ela nunca, absolutamente nunca disse algo que lembrasse, de alguma forma, um “Oi, Giovannizinho... eu tava com saudades de você!”. Não posso deixar isso assim...

GIOVANNI: Oi, Carol!

CAROL: Oi, Giovanni!

GIOVANNI: Vai pra aula amanhã?

CAROL: Talvez.

GIOVANNI: Eu vou!

CAROL: Nos vemos lá então...

GIOVANNI: É, nos vemos, lá!

CAROL: É, nos vemos lá! Xauzinhnandjinho, como eu ia dizendo...

NARRADOR: E lá vai ela, lá vai ele. Nada de dizer que estava com saudade, nem falar comigo num diminutivo carinhoso, um “Djiovannizinho”, por exemplo. Será que nem o fato de eu ser quase dois metros mais baixo do que ele ajuda? Pelo menos ela disse um quase “Xauzinho”. É diminutivo, não é? Droga, como se já não bastasse ser o melhor jogador da rua, ainda tinha que ter, aos seus pés, a menina mais linda daqui também. É justo, tudo isso? Pois bem, talvez essas sejam as vantagens de ser dois anos mais velho nessa época. Ele, ao contrário de mim, já era um homem maduro! Eu, definitivamente, o invejo. Eu o odeio.

VAN: Ei, Giovanni, vai morgar a pelada por causa da pirralha?

GIOVANNI: Não, não, Van... tenho uns gols pra fazer hoje!

NARRADOR: E tinha mesmo, dois pra ser exato, durante a tarde inteira, o que me dá uma média de 0,03 gols por partida.

(Continua...)

Amor de Mordaça: O Encanto (Fragmento I)


Ali está ela. Uma moça estranha, branca, fria e com reações faciais insuportavelmente lineares. Lembra-me um cadáver ambulante, exceto pelos olhos esbugalhados que parecem assustados o tempo inteiro. Talvez ela tenha morrido de susto nesta ou em outra vida.

Não sofro de necrofilia, mas sinto-me atraído por aquela garota sentada no corner direito da sala onde assisto uma disciplina de dramaturgia. Sinto-me impelido a escrever algo para ela, algo para tentar abrir um sorriso no rosto dela. Na verdade, desejo provocar qualquer reação nessa moça estranha. Nessa moça estranhamente bela. Estranhamente triste.

Quando a cito como sendo a mulher mais bonita da sala, metade discorda, achando ela bonita, mas nem tanto, metade discorda de forma veemente, sequer achando-a bonita. O professor, inclusive, me diz que ela mais parece uma lesma morta. Pois é, ela pode ser tudo isso que digo e dizem, mas ninguém está apaixonado por ela como eu estou.

Sinto uma vontade inexplicável de fazer dessa moça, aparentemente pacata, fria e distante, a mulher mais feliz e mais radiante desse Planeta de Terceiro Mundo, ao ponto de ninguém duvidar de que ela não é uma pequena assombração camarada (camarada, mas provavelmente não-comunista) a assombrar o centro de artes e comunicação.

Fazê-la feliz seria, acima de tudo, uma boa ação. Não quero, com isso, dizer que eu faria tudo o que pretendo por uma questão de pena, mas, sem dúvida, eu receberia alguns pontos extras na luta em prol de ir para o paraíso após a minha morte, fazendo essa moça feliz. Quem sabe até se essa é a mulher da minha vida, a minha tão procurada “Chacrete Espacial”, escondida por debaixo dessa Pequena Sibéria Existencial?

Acabo descobrindo que ela tem o mesmo nome da minha ex-mulher. Mais um ponto a menos. Estranhamente, minha atração se dá em relação a uma mulher que, definitivamente, não faz o meu tipo. Gosto, basicamente, de dois tipos de mulheres: Italianas (com narigão e tudo) e morenas parecidas com índias.

Uma italiana cor de canela, com cabelo lisos (mas sem o narigão) seria o meu sonho de consumo. Ela mais me parece uma estadunidense nerd sequelada por cocaína estragada (principalmente quando ela abre seus enormes olhos). Ainda por cima, seu queixo, um pouco mais alongado que o normal, em seres humanos, lembra muito o do grande “Marv” de “SinCity”.

Conheci poucas como ela e nunca senti o mínimo de atração por nenhuma delas, principalmente as queixudas. Na verdade, eu nunca fui muito chegado em brancas, apesar de, por uma ironia do destino, entre as minhas relações, as únicas que tive com morenas, haviam sido minha ex-mulher e uma louca aí.

Tudo bem, eu era apaixonado, em minha infância, pela garota que interpretava “Punk, A Levada da Breca”. Sim, ela era branca, estadunidense, mas não possuía uma feição sequelada, muito menos olhos e queixos tão grandes. Para falar a verdade, ambas não têm nada a ver uma com a outra, é apenas para exemplificar que, ao contrário dos negros, eu não sou racista.

Apesar de tudo, eu não consigo deixar de achar a tal branquinha queixuda especialmente linda. Seu andar é o mais charmoso que eu já havia visto. Seus seios, entre o pequeno e o médio, são aparentemente lindos, assim como seu bumbum empinado, porém discreto, talvez o mais bonito da face da terra. Mesmo assim, achando ela charmosa, eu continuava a me estranhar. Principalmente pelo fato de que, pouquíssimo tempo atrás, eu estava me relacionando com a (quase) morena dos meus sonhos, só faltava ser italiana e mentalmente saudável.

Seus olhos esbugalhados, com o tempo, passam a não sair mais de meu pensamento, de meus sonhos, mas a aproximação é algo que, incrivelmente, me causa pavor. Nunca tive medo de errar, sempre pus a faca entre os dentes e parti em busca daquilo que queria, e eu já tenho a certeza de que a quero, talvez mais do que qualquer outra em minha vida. Ainda não a amo, e amo amá-la. Estou, eu, consumido pelo desejo secreto do amor, e, talvez, me culpo por não me sentir ainda mais devorado. Tudo me parece novo e, assim como ela, estranho.

A questão é que com ela é diferente, com ela toda ação de aproximação me traz um temor Hithcockiano, as palavras tomam o sentido contrário: ao invés de saírem quentes pela minha boca, descem geladas para meu estômago. Parece que vou ser o último a fazer a cobrança numa decisão por pênaltis de uma final de Copa do Mundo toda vez que chego perto dela. Pior, tenho quase certeza de que o goleiro vai defender. Mas como eu nunca perdi um pênalti na vida, decido insistir, apesar do medo que me consome.

(continua...)

L's de Kelly



Apele, Kelly
Não me deixe partir
Menina

Revele, Kelly
O amor que há de vir
Menina

Pois teus olhos
São estrelas
Sementes
Do meu olhar

Teus cabelos
Dourados
São o ouro
De me comprar

A tua pele
Tão branca
É seda
Pra me acochar

Teu sorriso
Me leva
Ao sorriso
De levitar

Não gele, Kelly
Se meu corpo explodir
Menina

Expele, Kelly
Tuas mágoas ao rir
Menina

Pois tua alma
Tão limpa
Esconderijo
Pra me encontrar

Tua voz
Serena
É sinfonia
Para sonhar

O teu gênio
Inconstante
Montanha-russa
Do teu amar

O teu beijo
Secreto
Segredo
A me premiar

Atrele, Kelly
A ação ao teu sentir
Menina

Cancele, Kelly
Algum dom de mentir
Menina

Me deixa te olhar
Teus cabelos, cheirar
E a tua pele tão linda, acariciar

Me deixa sorrir
E te fazer sorrir
Deixa no teu corpo o meu corpo explodir

Me deixa te encontrar
E me encontrar
Me deixa poder contigo levitar

Me deixa sentir
O amor que há de vir
Deixa esse amor, tua alma invadir

Não fuja...
Não fuja, galega...

Não dê o “L”, Kelly!
Não dê o “L”!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Bosta Nova


João Paulo Güma - Bosta Nova


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Faixa do disco "Inside" de João Paulo Güma

Coralize

Foto: Vicente

Acorda, Cora
Coração alado
Que me condecora
Com a matéria do teu ser

Já chegou a hora
De decorar a alma
Daquele que teu corpo
Levemente escora sem ver

Cora...
Coralize...
Esse Recife
Realeza ou escória

Cora...
Acorda...
Esse Recife
Com risada de pombogira

Me deixe corado
Completamente envergonhado
Me deixe acocorado
Deveras desenergizado

Incendiado
Pelo que teu corpo acalora, Cora...
Pelo que teu corpo acalora, Cora...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Arte & Isolamento


Tenho a impressão, desde os tempos de início de composições, em meados de 1995, que o artista produz sua arte muito mais para se esconder do que para se revelar. Quando digo se esconder, falo no sentido metafísico. É possível esconder-se e aparecer ao mesmo tempo. Conheço artistas que são assim, que circulam com a sua pretensa arte, na expressa intenção de aparecer, mostrar-se ao público, não como ele é, mas como ele quer ser visto. Isso, a arte tem funcionalidade para muitos para realizar esse sonho humano, transparecer aquilo que ele quer que seja visto como verdade.

Não julgo os que assim fazem como artistas maiores ou menores, o que importa é o produto final, dane-se o artista em si, ele é um mero instrumento, sua arte é o que importa. O que quero observar aqui é o fato de que existe o artista que utiliza a própria arte nem para se esconder, muito menos para aparecer, mas para se encontrar.

Não me sinto tão fora desse “clube”. Na época em que iniciei o meu primeiro (e, até agora, único) romance, “Amor de Mordaça”, percebi em mim uma elevação do meu conhecimento em relação ao outro e em relação a mim mesmo. Mas há uma questão nisso tudo que é de suma importância. Não há como se fazer a “arte do conhecer-se” sem o isolamento, sem o olhar no espelho e perguntar-se quem é você e o que você veio fazer aqui neste plano. Fazer essa pergunta e não ouvir uma resposta alheia é o início do processo, fabricar-se (ou reciclar-se) em ser e em arte é o próximo passo. O restante do processo é conseqüência.

O resultado disso tudo pode ser desastroso ou salvador, no meu caso experimentei as duas facetas do processo, primeiro a euforia da obra pronta, depois a depressão por coisas mal resolvidas dentro desse mesmo processo. Por etapas que não admitiram-se queimadas impunemente. Mas arte não é o grau mais alto da capacidade humana por um mero acaso. O “fazer arte” é algo que transcende as intenções, as ações e as reações. É a benção primordial.

Artistas, Isolai-vos e recriai-vos!!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Segunda Magia


Joao Paulo Guma & Leo Zadi - Segunda Magia | Upload Music

Faixa do disco "Poesia, Magia & Rabeca" de João Paulo Güma & Léo Zadi

Só Mautner Salva


Há dias que o dia parece que não vai acabar. Ontem, 10 de Novembro, por exemplo. Pareceu uma semana inteira! Ver quem não se quer ver, no dia em que não se quer ver, junto de pessoas que, definitivamente, você sequer deseja que exista não é o melhor fim de tarde, que já parecia fim de semana. Pior, já parecia o fim do mês iniciado na hora zero desse mesmo dia.

Mas a sorte e o azar, o amor e o ódio, são lados da mesma moeda. Dois lados da moeda mirabolante da vida, este malabar embriagado que nos faz passageiros iludidos de uma espaçonave transcendental. Há de se convir que o processo de transição entre a sorte e o azar, o amor e o ódio e outros antônimos primordiais são quase imperceptíveis, se é que há essa transição, se é que não passamos de seres movidos, apenas, por referenciais positivos e negativos e essa baboseira de bem e mal não passa de uma convenção. Mas ontem, dia que sarcasticamente apelidei de “O Natal do Amor”, encontrei um dos homens que sabem falar sobre o amor da forma mais sublime que existe. Seu nome é Jorge Mautner!


Para quem não conhece o homem, pergunte ao senhor Google, pesquise, deixe de ficar procurando as novas modinhas da internet, deixe de assistir essas séries ridículas (que, definitivamente, não são engraçadas), deixe de ouvir a poesia quadrada das bandinhas de rock brasileiras ou estadunidenses, ou mesmo da MPEB (Música Popular das Entendidas Brasileiras). Melhor, faça tudo isso, mas com a noção do quanto é ridículo e sem conteúdo isso e muito mais que a(s) mídia(s) nos oferecem. Pesquise Jorge Mautner, entre tantos outros gênios da música brasileira. Livre-se da alienação.


Mas, voltando mesmo a Mautner, num encontro antes de seu show, ontem, na concha acústica da UFPE, ele diluiu com poucas palavras algo que me angustiava. Tudo bem que antes mesmo do encontro ele já havia dito “Você foi pela estrada assim/Como quem não vai volta/Quem fica é quem chora/Até se acabar/Minhas lágrimas se acabaram/Mas não a vontade de chorar/Te amei no dia em que te vi/Domando um bando de leões/Domando aquelas feras, conquistando os corações/Dizendo que o amor nunca morre porque tem ressurreições/Sete mil quartos secretos guardam um segredo/Só o amor, só o amor pode matar o medo” (Ressureições – Jorge Mautner/Nelson Jacobina). Basicamente um recado musicado.


Já havia sido o suficiente, mas, para completar, ainda tinha um “Você, olhos de fuligem/Vê se acalma a alma na obsessão/Só vai se dar bem, com alguém, alguém de Virgem/E muita Atenção com essa mordida de Escorpião” (Namoro Astral – Jorge Mautner). O show em si foi experimental, com maracatu, ciranda e a sua presença tal como um mestre de cerimonias musical, quase xamânico, com seu violino mágico.


Dormi com as lembranças do dia, de como senti o calor e o frio das pessoas, o amor e o ódio, de como o azar e a sorte fazem parte de um mesmo momento, de um mesmo dia, de uma mesma vida. Lágrimas negras cairam... sairam... doeram: