domingo, 24 de maio de 2009

A Nega de Nego Bom (2009)





Ei, bicho, tais vendo ali? É ela. Corre. Quero morrer não.

Sabia não? Ela é a nega que traz a morte, ou melhor, a nega que traz o nego que traz a morte. E a mul é de Nego Bom, bicho. Tais ligado não? Tu mora onde? No Ibura é? Aqui em Maranguape todo mundo conhece Nego Bom, rapaz. Matador, porra... matadoooor!!!

O que é que tem a nega dele? Tem nada, vai lá, mexe com mulher de matador, a nega é boa demais, dizem que trepa bem pra caralho, mas tem um pequeno defeito. É mulher de Nego Bom, porra!

Nem tente fingir que ela não ta ali, nem tente. É pior. Eita, caralho, ela ta vindo, bora lavrar, vei, bora lavrar... eita, ela foi falar com cara da venda. Mas continuando... Essa doida é boa demais e puta pra caralho, puta, puta, puta mesmo. E tem outra, ela da em cima dos caras, e depois que os caras comem ela, a rapariga vai e conta a nego bom. Ai já viu né? É bala, papai.

Hã? Ignorar? Tais doido? Ai é pior, ela fala pra Nego Bom do mesmo jeito, diz que tu comeu ela, e que ainda falou que ele é corno... melhor morrer depois de gozar, nego. Mas na verdade, o melhor é não morrer. Bora embora, homi!!!

Eita, fudeu. Ela ta olhando pra tu. Ela ta vindo pra cá. Não... nem venha... se fingir de frango? Tais doido? Eu disse pra gente ir embora. Não, bicho. Sou teu amigo o suficiente não... pare veio, pare!!! Carai. Fudeu. Vai, me abraça!

O que eu não faço pra salvar um amigo?!

Putaqueopariu!!!

sábado, 23 de maio de 2009

Hoje


Eu
Hoje eu me sinto tão meu
Que não vejo mais a hora
De me vender

Para mim

Eu
Não sei quem levou o que é seu
Só o que eu sei agora
É que vou padecer

Ao fim

Eu
Não sei quem matou, se morreu
Quem me levou mundo afora
Sem nem mesmo ler

O Pasquim

Eu
Hoje eu me sinto tão meu
Que não vejo mais a hora
De me vender
Para mim

Eu
Hoje eu me sinto tão meu
Que não vejo mais a hora
De acabar com essa lei que vigora

Essa lei que nunca se esvai


Mas eu
Hoje eu me sinto tão meu
Que não vejo mais a hora
De sair contente mundo afora

Cantando Boys Don’t Cry

Eu

quinta-feira, 21 de maio de 2009

...

Eu não quero escrever, que isso fique bem claro. Estou apenas fazendo um exercício jornalístico, o de escrever por escrever, pelo simples fato de que alguém pode estar querendo ler, seja lá quem for, seja lá o que for. Isso me incomoda? Profundamente. Me incomoda escrever qualquer coisa e me incomoda, mais ainda, que qualquer pessoa venha a ler o que eu escrevo.

Tenho público-alvo? Não! Creio que tenha qualidade aquilo que eu escrevo? Não (o subtítulo do blog não é “ignorância gratuita” à toa)! Então por qual motivo eu quero limitar quem lê aquilo que eu escrevo? Respondo com outra pergunta: quem disse que eu quero?

Confuso? Sei lá!

Quando eu quero escrever? Quase nunca! Então escrevo por qual irresistível motivo? Não sei.

Quer saber? Por hoje chega.

Se o exercício valesse nota, eu tiraria zero.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Arquipélago (ou A Ilha)


Eu sou uma ilha
Cercada de ilhas
Por todos os lados
Por todos os lados

E não sei que lado é o melhor
Muito menos que lado é pior

O que sei é que sou uma ilha
E toda ilha precisa de solidão
E toda ilha precisa de algo
A cercando por todos os lados

Por todos os lados!

Eu sou uma ilha
Cercada de ilhas
Por todos os lados
Por todos os lados

Sou uma ilha, mas não sou só
E meu caminho eu não sei de cor

O que sei é que sou uma ilha
E toda ilha precisa de um verão
E toda ilha precisa de um sol
A esquentando por todos os lados

Por todos os lados!

Eu sou uma ilha
Cercada de ilhas
Por todos os lados
Por todos os lados

E as outras ilhas pensam em si, só
Não imaginam uma existência melhor

Mas elas podem ser mais que uma ilha
Pois continentes precisam de união
Para então serem enormes ilhas
Cercadas de vida por todos os lados

Por todos os lados!

Eu sou uma ilha
Cercada de ilhas
Por todos os lados
Por todos os lados

E continuo vivendo tão só
Admirando um lindo arrebol

E ficarei sendo só uma ilha
E as outras ilhas também continuarão
Todos torcendo para não nos tornemos ilhas
Cercadas de nada por todos os lados

E ficarei sendo só uma ilha
E as outras ilhas também continuarão
Todos torcendo para que sejamos ilhas
Cercadas de amor por todos os lados

Por todos os lados!
Por todos os lados!

domingo, 17 de maio de 2009

Tentando Ser Justo / Mesmo ausente, é doce sua falta

Nas minhas poucas horas de sono, percebi que não fazia sentido eu não premiar Dona Juh, ela foi a visitante 10.000, é a pessoa que mais comenta minhas postagens, enfim, fiz uma singelo texto, sem usar, sequer, uma frase minha, e sim, de um artista o qual ela quer que eu passe uma noite inteira tocando pra ela: Nando Reis.

DEU TRABALHO, mas está aí:


Mesmo ausente, é doce sua falta

A letra “A” do seu nome fica no final, Índia com colar. Estranho seria se eu não me apaixonasse por você, mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino, Não sei quanto mundo é bão, mas ele está melhor Desde que você chegou.

Ainda lembro, que eu estava lendo só pra saber o que você achou dos versos que eu fiz e ainda espero resposta, que eu caso contente, papel passado e presente, que o amor é o calor que aquece a alma, que a gente em movimento: amor.

Vamos então continuar aquela conversa, que não terminamos ontem e ficou pra hoje. Que é bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer, que o teu amor pode estar do seu lado, Será que eu falei o que ninguém ouvia? Será que eu escutei o que ninguém dizia?

Você pode ter certeza de que o seu telefone irá tocar, para combinarmos felicidade e tristeza dentro do mesmo time. Então me diga se você ainda gosta de mim... Porque de você eu gosto e isso não deve ser assim tão ruim. Eu sou a chuva pra você secar.

Há sempre a pequena chance de o impossível rolar, eu vou cuidar, eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar e de você e de mim. E eu trocaria a eternidade por esta noite... sorria e saiba o que eu sei: Eu te amo!

Que tal soterrar o mundo com uma avalanche, só pra que possa sobrar apenas eu e você?

sábado, 16 de maio de 2009

Prestação de Contas / A Carolina (2009)

Como eu previa, Juh foi a visitante nº 10.000, se caso ninguém viesse cobrar, por ser a 10.001 o poema iria mesmo para ela, mas, eis que surge Carol, grande amiga, de longa data, talvez a maior de todas que já tive, com um email provando que tinha sido ela a nº10.001. Eis a prova:


Portanto, ela é a vencedora da promoção, assim que ela voltar de Portugal, receberá o prêmio em mãos, mas aqui já vai um prêmio em mãos virtuais, um poema, facílimo de fazer, visto o tanto de coisas que já vivemos juntos, o tanto de briga que já tivemos, e o amor que vai nos unir até que a próxima briga nos separe! Uma amiga que amo, que faz muita falta nesses dias solitários de blogueiro. Continuem visitando, a próxima promoção será na visita 15.000!!!

A Carolina


Seria ela
A advogada da minha ira?
Aquela que defende
O que eu odeio?

Que me defende de meus receios?

Seria ela
A amiga dos meus sonhos?
Ou o romance
Do atropelo?

Que me mostrou o quanto sou feio?

Ela foi presente
Ela será passado
Ela está futuro!

A falta é tanta que nem sinto
A ausência desta menina
Dentre tantas...
A Carolina!!!

Você Vem (2002)


Muitas vidas se passam
Sem cor e sem emoção
E algumas, só pouca tem

Muitas vidas se passam
Sem a cor de uma paixão
Pois pra muitos isso convém

Não me diga agora
Que você sabe de tudo
Há coisas que estão bem além

Não me diga que é
Sombrio o meu futuro
Pois há males que vem para o bem

Você vem!

Não me diga quais são
As boas religiões
Serão aquelas que dizem amém?

Nem me diga o que é
Que destrói nossos corações
Nesta vida e na vida que vem

E quem quiser aquilo
Que não se pode ter
Perderá até o que não tem

Talvez isso seja
Bem melhor, afinal
Pois há males que vem para o bem

Você vem!

Você vem sem pedir licença
Você vem sem pedir permissão
Você vem pedir a recompensa
Por ter me tirado da solidão

Você vem invadir meu terreiro
Incorpora meu santo de criação
Você vem roubar meu dinheiro
E não contente quer roubar o meu coração

E não contente quer roubar minha alma
Não contente com o que você tem
Mas contente deixo você partir sem mágoa
Pois há males que vem para o bem

Você vem!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Palavras de Um Anjo Caído


Tão cheio de palavras e sentimentos
Tão vazio de idéias, diferente da infância
Resumo-me à minha insignificância
Diante de sua petulante superioridade

Tendo idéias, todas elas, relativas
Com palavras querendo ser independentes
Vendo tantas bocas e tão poucos dentes
E dentre os dentes, tão poucos de verdade

Não sei se escrito algo está
Sei que o antes pode ser depois
Sei também que algo escrito, foi
Minha dúvida: algo escrito será?

Sou um anjo demoníaco com boas intenções!

Que nem ama nem odeia
Por ser tudo a mesma idéia
Sentimentos irmãos
Como uma nova Pangéia

Que se separa para também nos separar

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Promoção, Palavras do Guma!!!

A pessoa que for a visitante nº 10.000 receberá como prêmio um maravilhoso, um magnífico, um inigualável...

POEMA MEU!

dedicado e autografado!

basta ser o visitante nº 10.000, dar um print screen e mandar pro velho Guma: joao_paulo_pontes_@hotmail.com

se Juh for a 10.000 não vale, todo dia tem um pra ela aqui, o(a) visitante 10.001 receberá o prêmio.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O Sagaz Poeta Marginal (2003)


Traga-me o que preciso
Leve-me a um novo abrigo
Diga o que meu ego necessita

Ouça tudo o que eu digo
Sirva o seu maior inimigo
E durma onde a fera habita

Pois o Poeta Marginal
Hoje é mais marginal que poeta
Pois o que vejo de normal
É uma prisão que dorme aberta

Não tenha medo, meu amor
Pois pesadelos são
O que nos fazem ver
O que precisamos esquecer

E não tenha pressa, por favor
Pois pensamentos são
O que nos fazem antever
A vida que queremos ter

Tire-me deste perigo
Deixe-me mais indeciso
Diga palavras nunca antes ditas

Esconda todos os livros
Queime, porém, o mais vendido
E não deixe minha alma aflita

Pois o Poeta Marginal
Hoje é mais marginal que poeta
Pois o que vejo de normal
É uma prisão que dorme aberta

Não tenha medo, meu amor
Pois pesadelos são
O que nos fazem ver
O que precisamos esquecer

E não tenha pressa, por favor
Pois pensamentos são
O que nos fazem antever
A vida que iremos ter

E a prisão
É invadida pelos ditos homens livres
Pois a ilusão
Não engana mais ninguém

Descobre-se então
Que a liberdade assistida é inútil
Livres nem os livres
Pois a liberdade os têm

Vapor (2009)



Ela mexe com a minha cabeça
Ela faz com que eu não envelheça
Ela me faz querer
Um dia ser
Feliz

Ela faz com que eu enlouqueça
Ela faz com que eu não entristeça
Ela me faz viver
E depois querer
Bis

Ela é a mais pura violência
Ela é o mais puro vapor
Ela é bem melhor
Que o meu computador

E que potência ela tem, meu senhor!

Ela quer que eu não apareça
Ela faz de um jeito que aconteça
Ela me faz perder
A vontade de ser
Normal

Ela tenta fazer minha cabeça
Ela faz com que eu estremeça
Ela me faz sofrer
Ao aparecer
Fatal

Ela é a mais pura violência
Ela é o mais puro vapor
Ela é bem melhor
Que o meu computador

E que potência ela tem, meu senhor!

Todos Para Uma. (2009)


Eis que surge, oriunda do infinito, aquela que vem para surtar meu pensar, minha ética, meu bem e mal-estar, meu querer e meu agir. Oriunda do infinito, isso mesmo, ela não pode ter vindo do nada, ela não pode ir para o nada, ela não pode viver sem que seja nada meu.

O que tem naquele sorriso que se torna dona das minhas palavras? Sei que elas, as palavras, são metade de quem as fala e metade de quem as ouve, mas ela as têm por completo, cada letra, cada acento, cada erro ortográfico e gramatical é dela, até os neologismos, os “te amoros” da vida.

"Nunca deixei de saber o que escrever, nem nunca foi tão óbvio para quem eu escreveria"

Cada poema, cada verso, cada sentimento inquieto, retilíneo e circular. Tudo é dela, todos vão para ela, pior, todos nasceram dela. Sou um instrumento da poesia que habita o interior dela, sou apenas o poeta dela. Ela me seduz com as palavras que eu escrevo

Deveríamos nos livrar, de uma vez por todas, da sedução (apenas) das palavras!

Negociando (2005)


Eu largaria minhas armas
Se a chantagem fosse inteligente
Se a propina fosse convincente
Mas minha mente é irredutível

Pois minha guerra
Só me prepara pra liberdade
Então me leve pra qualquer cidade
Então me leve pra qualquer cidade

Eu contaria minhas mágoas
Se a mentira fosse decadente
Se a causa fosse intermitente
Mas estou tão intransponível

Pois a minha loucura
Me prepara para a sanidade
Então me leve pra qualquer cidade
Então me leve pra qualquer cidade

Pois não sou, não!
Não sou homem de troco pequeno
Pois não sou, não!
Não sou de morrer por qualquer veneno

E tem mais:
Não morro, não!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Profecia (ou Tsunami de Loló ou Marchinha Apocalíptica) (2008)




Recife vai desaparecer
Na Quarta-Feira de cinzas
Um tsunami de loló vai invadir
A rua da Tomazina

Eita mar cor-de-rosa
Eita piscina da lombra
Eu vou pegar esse tubo agora
E vou cheirar essa onda

Recife vai desaparecer
Na Quarta-Feira de cinzas
Um tsunami de loló vai invadir
A rua da Tomazina

E se a profecia insistir
Ela que vá engolir Miami
Pois por aqui, o povo faz fila, meu Deus
Pra cheirar esse Tsunami

(Biagio, Guma, Piffardini & Zadi)

domingo, 10 de maio de 2009

Logo você, meu filho??? (2009)

Recife, 24 de(s) Maio de 2124.

Meu filho, você tem certeza? Já te passou pela cabeça o que vai te acarretar essa sua decisão? A quantidade de problemas, o número de perseguições, o quanto que você será excluído da sociedade? Você já pensou que, agindo desse modo, você é um marginal? Você é um anormal. Onde já se viu? Esse seu comportamento me lembra o dos homens das cavernas.

Mas tudo bem, sou seu pai, te apoiarei sempre em suas decisões... Mas porra, porque você quer inventar de ser macho, meu filho? Você ta doido? Mulher é bom, ela engravidam! Quando a gente quer ter um filho, as procuramos, pagamos pela barriguinha, ela engravidam e ótimo, perpetuamos a espécie. Mas nós somos auto-suficientes, meu filho. Pare com essa história de querer ser homem, você vai apanhar desses emo-skin-heads que andam por aí dando surras em quem não anda rebolando e em quem não fala fino.

Mas ok, você quer realmente ser homem... Bem que sua mãe me dizia que você tinha um jeito de macho, eu dizia que não, que era só uma fase, que isso iria passar, mas não tem jeito, até falando você é muito parecido com o do seu bisavô, Seu Guma, um dos últimos que tinham essa mania horrível que você tem. O Deus-Gay que o tenha. Seja pelo menos Bi, meu filho... isso tá fora de moda, eu sei, mas sendo bi você vai apanhar menos.

Olha, tem aquele rapaz, o bisneto de Richarlysson, o Pelé dos Gays, aquele jogador... Da época do seu bisavô. Ela já veio aqui tantas vezes, você sequer deu uma bimbadinha nele? Você ta etendendo o que eu to falando meu filho? Seja ativo, se você não quer dar, não dê, mas não seja tão radical, um dia você dá um vacilo, vira passivo no meio do calor e acaba gostando.

Não fale isso meu filho, não fale assim tão grosso, alguém pode escutar, isso tem que ficar em segredo, olha a reputação da nossa família. Ai, meu Deus, to vendo o teu futuro aqui, como se fosse um filme de Almodovar-Samá. Você vai sofrer, filho.

Faça o seguinte, quer uma mulher? Ta bom, eu aceito, não se fala mais nisso. Mas arruma uma sapatão bem macho, por favor, meu filho. E nem pense em proibir ela de fazer fio terra, viu!

Me respeite!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Manual (1999)


Quando ando pelas ruas
Atrás de alguma distração
É quando eu vejo as pessoas
Falando coisas sem razão

Vejo coisas tristes, sorrindo
Vejo o arcaico como atual
Da morte eu vivo fugindo
Enquanto vivo sou imortal

Eu vejo o som
Eu ouço a lua
Tudo em uma ilusão

Eu sou um homem
O Super-Homem
Voando sem sair do chão

Quando penso nas pessoas
Que estão voando como eu
E dentre elas, tantas
Querendo o que Deus me deu

Vou navegar pelo infinito
Cantando um mantra espacial
Vou falar verdades, mentindo
Esquecer o Bem e o Mal

Sinto-me bem
Se estou nas ruas
Atrás de alguma diversão

Pois o Super-Homem
Também tem fome
E que problema há nisso então?

O que é que vamos fazer
Se ninguém faz nada por nós?
De que forma vamos morrer?
Perguntas feitas, respondidas sem voz

Uma ilusão enche meus olhos
Mas me preocupo com o que é verdadeiro
Não interessa se são corpos
Existe dor em sua alma e em seu peito

Mentindo verdades
Irei para longe
Para bem perto de mim

Pois sou só um homem
E sinto fome
De chegar até o fim

Dessa vida sem sentido...

A Boa (2005)


A Banda só é boa
Quando se tem alguém
Pra escutar

A dança só é boa
Quando se tem alguém
Pra balançar

A onda só é boa
Quando se tem alguém
Para dropar

A lombra só é boa
Quando se tem alguém
Pra viajar

Então porque?

Tanta zoada por tão pouco
Tanta zoada
Tanta zoada por tão pouco

Por quase nada

A cana só é boa
Quando se tem alguém
Pra conversar

Se a estrada só é boa
Quando se tem alguém
Pra acelerar

A erva só é boa
Quando se tem alguém
Para fumar

A vida só é boa
Quando se tem alguém
Para amar

Então porque?

Tanta zoada por tão pouco
Tanta zoada
Tanta zoada por tão pouco

Por quase nada

Se a banda só é boa quando se tem alguém
Por quase nada
Se a onda só é boa quando se tem alguém
Por quase nada

Se a erva só é boa quando se tem alguém
Por quase nada
Se a estrada só é boa quando se tem alguém
Por quase nada

Alguém pra acelerar!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Meu Quintal (2007)


Ora, ora, senhora, sem hora!
Ora, ora, senhora, simbora!

Lá pro meu quintal
Escrever poemas e ser
Um par mortal!

Lá pro meu quintal
Olhar pro céu e esquecer
Esse inferno astral

Ora, ora, senhora, sem hora
Ora, ora, senhora, e agora?

O que faremos de mal?
Pra compensar o bem que
Sai aqui deste quintal

O que faremos de mal?
Talvez a canção que lidere
A parada musical

Mas não trema, morena!
Não espere, revele!
Não reduza, induza!
À cor da sua pele!

Iluminar nosso mar
E esquentar o que gele
Revelar o que mente
E afagar o que fere

Só por diversão...
Só por diversão...

Ora, ora, senhora, sem hora!
Ora, ora, senhora, e agora?
Ora, ora, senhora, onde mora?!
Ora, ora, senhora, simbora!

Lá pro meu quintal!

Bet(h) e a Mesa (2006)

O teu blind é alto, morena
Mas teu pot, não!
O Teu blind é alto, morena
Mas Teu pot não...

Vou dar bet, Beth!
Mostre as cartas pra mim
Ou então raise, raise!
Fique até o fim

Se a vida é Poker
Meu temperamento é All-in!
Se a vida é Poker, Morena
Meu temperamento é All-in!

Mas se for pra dar fold, morena
É melhor nem sentar
De tu só quero call, menina
Até o Sol raiar

Mas é nessa mesa, morena
Que eu vou te ganhar
E com o pot cheio
Só me resta blefar!

E com o pot cheio
Só me resta blefar!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Alien e a Navalha (2007)


Eu só queria ter
O Alien e a navalha
E então perceber
A dor que eu negava

Para envaidecer
Aquele que me mata

Eu só queria ter
O Alien e a navalha
Para adoecer
Dessa maldita tara

E logo após morrer
De tudo que me embriaga

Eu só queria o Alien para barganhar
E a navalha pra eu poder me limpar
Eu te juro, eu seria o rei!

Eu só queria ter
O Alien e a navalha
Para ao entardecer
Ver tudo que eu amava

Enfim desaparecer
Ao som de uma descarga

Eu só queria ter
O Alien e a navalha
Para agradecer
A quem me escravizava

E enfim poder
Gozar na boca que me escarra!

Gozar na boca que me escarra!!!
Gozar na boca que me escarra!!!
Gozar na boca que me escarra!!!

Eu só queria o Alien para barganhar
E a navalha pra eu poder me limpar
Eu te juro, eu seria o rei!

Eu só queria o Alien pra poder voar
E a navalha pra eu poder dançar
Eu te juro, meu amor, eu seria o rei!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ela. (2009)


Ela me disse que era... E era, mesmo sem ser, consumida pelo fogo que vinha dos olhos negros da saudade. Ela disse que era, ela não mente. Ela me disse que era, mesmo sem dizer. Ela é o doce que, caso eu não prove, me fará morrer de diabetes, me fará ter alucinações, crises de abstinências, convulsões e a sensação contrária ao de um orgasmo múltiplo. Assim como Caetano, é uma das poucas coisas que invejo nas mulheres, o orgasmo múltiplo. Além da longevidade.

Sim, adentrarei em seu corpo como um caranguejo entra na lama, adentrarei o mangue que é seu corpo com a suavidade e a profundidade de um caranguejo em fuga, em busca, em busca do berçário de seres vivos que é seu ventre. Percorrerei sua nuca com o medo de não cair em tentação. Percorrerei sua boca com o medo de não ser engolido. Percorrerei seus seios com o medo de não ser atingido pela febre espanhola. Percorrerei sua barriga com o medo supremo de ouvir um grito que impeça minha progressão. E, depois de estar dentro dela, terei o maior dos medos, o de que seu orgasmo não seja avassalador, que ela não sinta cãibras na alma.

Adentrarei em sua mente como um tsunami preenche um copo, como um tornado preenche os pulmões, como se todas as melodias do mundo tivessem a intenção de preencher apenas uma alma, a dela, a que me disse que era. E assim sendo, adentrará a minha também, e terá a grata surpresa de descobrir que sou melhor que ela. Sou eu o mais divino, pois estou apaixonado, pois estou possuído por um deus, Eros, porém, nem a um deus é facultado o direito de amar e, mesmo assim, manter-se sábio. Isso, ela vai descobrir que minha sabedoria é inexistente, talvez ilusória.

Exagero? Todas as paixões exageram e talvez só sejam paixões por exagerarem e as paixões são os únicos oradores que sempre convencem. Na música da vida, imaginá-la é subir um tom da realidade... pois ela é a vagacidade pela qual minha alma padece. Minha vontade é suprema, absoluta. E se realmente a vontade foi inventada com a finalidade de castigo, pelo desejo de encontrar o culpado por algo, como disse Nietzsche, condeno-a com o meu desejo, pois ela é culpa e castigo.

Castigo demais, até.

Ela disse que era?

2º (2009)

No Bola Pensante:

O que seria da conquista sem a tragédia do outro? Teria o homem prazer de ser o vencedor sem que alguém fosse o derrotado? Sem que, sempre ao cruzar com aquele que perdeu a batalha, não surgisse aquele sentimento de superioridade indiscutível, calcado em fatos?

No último final de semana, pela maioria dos estaduais Brasil afora, campeões foram definidos, holofotes foram direcionados aos que conquistaram os títulos e o ostracismo instantâneo caiu sobre os vice-campeões, grandes guerreiros que, por talvez um pequeno detalhe, despencaram da possibilidade da glória ao limbo do esquecimento. Talvez por erros de arbitragem, talvez por má sorte, mas como dizia Epicteto, “Quando alguém tem azar, lembra-te que esse azar provém dele: afinal Deus criou todos os homens para a felicidade e para a paz.”

Mas será que há paz para um vice-campeão? E para um bi vice, um tri, então?

Para mim, a diferença entre um campeão e um vice se encaixa bem nas palavras de Alain, quando ele fala sobre a felicidade, dizendo que “A felicidade não é algo que se persegue, mas algo que se tem. Não existindo essa posse, é apenas uma palavra.” O vice é aquele que quase sentiu o gosto do título, o que os coloca com um sentimento de frustração bem maior do que aquele que ficou numa posição intermediária.

Eu sei, podem dizer que o vice fez um ótimo trabalho, foi um ótimo adversário, valorizou o título. Para o torcedor, isso não existe. Enquanto o campeão é o que ri por último e o que ri melhor, o vice é o que chora por último e, quem sabe, o choro mais doloroso: o choro do quase.

Salvem os campeões.

domingo, 3 de maio de 2009

Boal, Prates e as passagens.

Quem me conhece sabe o quanto evito falar de política, por já ter tido meu momento dentro dela e para evitar confusões e desentendimentos, enfim, preferi o futebol e, principalmente, a arte.

Mas um grande mestre meu se foi, Augusto Boal, e ele, sabiamente dizia: “A política e a rainha das artes”.Uma grande amiga que mora em Campinas me mandou um vídeo, uma opinião de um jornalista que eu desconhecia, Luiz Carlos Prates, acerca do caso das passagens em Brasilia... enfim... seu comentário me arrancou lagrimas nesta manha de Domingo. Quero dividi-lo com vocês.


sábado, 2 de maio de 2009

Teatro sem Boal

No Vermelho:

. Morreu na madrugada deste sábado (2), aos 78 anos, o diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta Augusto Boal. Expoente do Teatro de Arena de São Paulo (1956 a 1970) e fundador do Teatro do Oprimido (inspirado nas propostas do educador Paulo Freire), Boal sofria de leucemia e estava internado na CTI (Centro de Terapia Intensiva) do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.
. Augusto Pinto Boal nasceu em 16 de março de 1931. Suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século 20. As lições de Boal foram largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política — mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional. Suas teorias sobre o teatro são estudadas nas principais escolas de teatro do mundo.
. “Boal nos representa no Brasil e fora dele. Há livros traduzidos em francês, holandês, mais de 20 línguas”, comenta Aderbal Freire-Filho. “O Teatro do Oprimido é estudado em muitos países. Se ele falecesse na França, a repercussão ia ser enorme.” Em 2008, foi indicado ao prêmio Nobel da Paz devido ao reconhecimento a seu trabalho com o Teatro do Oprimido.
. Uma das canções de Chico Buarque é uma carta em forma de música que ele fez em homenagem a Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a ditadura militar. A canção Meu Caro Amigo, dirigida a ele, na época exilado em Lisboa, foi lançada originalmente no disco Meus Caros Amigos (1976).
. Boal dizia que sua experiência artística “é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores — porque atuam — e espectadores — porque observam. Somos todos 'espect-atores'". Criada no final da década de 60, sua técnica utiliza a estética teatral para discutir questões políticas e sociais.




Grande mestre, grande perda.
O Poema abaixo é dedicado ao grande Boal:

O Palco, o Inconsciente e o Coração (2009)

Furioso como nunca
Meu inconsciente declama
Centenas de palavras de ordem

Com o fervor de um discurso
Acaba atingindo meu pulso
E ainda diz para mim
Sua vida deve ter fim

Glorioso como poucos
Meu coração se estende
Naquele ardente asfalto

E padece como um passarinho
Que rebelde, foge do ninho
Mesmo sem saber voar
Coração, não sabes amar

E que glória se faz ao padecer
Sem entender as próprias palavras de ordem?
Melhor seria nem nascer
À deixar que as maresias nos assolem?

Então deixo a vida
Como deixo o palco
No tempo em que tudo era lindo
No tempo em que eu sofria sorrindo

Com as cortinas abertas

Preto e Branco (2009)

Para Juh.
Eu sou amarelo
Ela é moreninha
Eu sou muito feio
Ela é tão lindinha

Eu sou tão burrinho
E ela sabidinha
Eu sou um plebeu
Ela é a rainha

Eu to solteiro
E ela namorando
O meu blog é preto
E o dela é branco

O meu blog é preto
E o dela é branco

Eu sou tricolor
E ela rubro-negra
Se eu for Portela
Ela vai ser Mangueira

Eu sou bem velhinho
E ela é tão novinha
Eu sou o vilão
E ela é a mocinha

Enquanto eu to querendo
Ela ta evitando
O meu blog é preto
E o dela é branco

O meu blog é preto
E o dela é branco

Alma Multinacional (2002)


Minha alma anda muito calma
Pobre como minha vida entediante
Destruo em mente flora e fauna
Deixo minha alma em cima de uma estante

Que na verdade é uma vitrine
De um grande shopping sobrenatural

Vou vender esta minha pobre alma
A uma grande empresa multinacional
Para conseguir dinheiro e respeito
Para comprar cocaína a preço de sal

E quando eu estiver com febre
Vou olhar pela janela
Para ver minha alma passeando por aí

E enquanto minha alma fede
Eu assisto mais uma novela
Mais uma ilusão, mais um final feliz

Que não é o meu

Pois o tudo e o nada
O começo e o fim
Pois o muito e pouco
É muito pouco para mim

Percebo que somos cegos
Surdos, mudos e aleijados
E que há tempos vendemos nossas almas
Para Deus e para o Diabo

E pior
Para grandes empresas multinacionais.

Multiculturais...
Multisexuais...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Poetas e Profetas... (2000)


Eles nos dizem, a sorrir
Que nós temos que mudar
E quem nunca mudou ao naufragar?

Eles nos dizem por aí
Que Ele logo vai voltar
E se Ele voltou, quem ele será?

Será Bin Laden ou Hussein?
Será Zidane ou ninguém?
Juro que não faço idéia

Pois só sei que nada sei
E que o gigante tolo se levanta
Eu desconheço suas leis
E a minha ignorância não é santa

Pois somos poetas atômicos
Somos profetas anônimos
Somos todos um, somos todos ninguém

Somos poetas afônicos
Somos profetas incômodos
Somos todos um, nem todos do bem

Eles nos dizem, a sorrir
Para não se misturar
Quem não se misturou à massa popular?

Eles nos dizem por aí
Que Ele vem para ajudar
E quem Ele ajudou sem depois cobrar?

Infeliz o tal alguém
Que só conhece o mal e o bem
Em sua mente velha

Pois só sei que nada sei
E que o gigante tolo se levanta
Eu desconheço suas leis
E a minha ignorância não é santa

Pois somos poetas atômicos
Somos profetas anônimos
Somos todos um, somos todos ninguém

Somos poetas afônicos
Somos profetas incômodos
Somos todos um, nem todos do bem