segunda-feira, 27 de julho de 2009

Monopólio

Paralizado, enfurecido e solenizado. Assim é o bendito (e, paralelamente, maldito) sentimento/modus vivendus pelo qual fui estuprado, um estupro espiritual, mental, físico e metafísico. Um trabalho para mil anos, executado em uma semana.

Apenas encanto? Quem dera! Eu pegaria minha agenda, a la Gabriel, O Pensador, e começaria a buscar uma saída amorosa a este entrave ontológico. Pelo menos uma delas sairia comigo, treparia comigo e me faria um homem, temporáriamente, aliviado.

A questão é que, neste caso, neste amor, nem que minha agenda inteira ligasse para mim, oferecendo boquetes bem feitas, espanholas delirantes, permissões sem restrições para penetrações vaginais, eu me sentiria balançado, seuqer eu ouviria até o final as propostas.

Mas, suponhamos que, por uma fraqueza de espírito (e pobreza, também), eu aceitasse uma das propostas. Seria inevitável fechar os olhos e pensar nela, só abriria minha boca para falar o nome dela.

Enfim, apenas faria amor com ela por telepatia.

sábado, 18 de julho de 2009

Discurso-Manifesto

Eu tive um sonho, onde os mais indubitáveis e indefectíveis sentimentos reuniam-se, despiam-se e dançavam, aos olhos daqueles que reconheciam os tais sentimentos, mas, perplexos, não sabiam como reuni-los, nem faze-los se despir, muito menos como faze-los dançar. Eles sequer sabiam que isso era possível, estavam incrédulos, uns, completamente encantados, outros inteiramente revoltados com tamanho disparate. A verdade é que eles não tinham o domínio daquilo que viam, não pela ausência de iluminados na tal platéia, mas pelo fato de que, dentre eles, nenhum era poeta.

Sim, eu tive um sonho, onde os poetas, aquelas figuras únicas, portadoras não do pecado original, mas do pecado falsier (pois Deus, ao criar paisagens e formas de vida tão diferentes e com a capacidade de alterarem-se através dos tempos, nos absolve do crime de enxergarmos a vida de uma forma alternativa), tinham o direito de, a partir do momento que fosse revelado a si o fato de ser o Messias de seu próprio universo, publicar um livro e distribuí-lo de graça, com a certeza de que cada leitor seria um micro-mecenas, pagando ao poeta aquilo que achava que o livro valia.

Sim, eu tive um sonho, onde as pessoas não fingiam gostar de poesia para arrotar boçalidade e pedantismo, onde os poemas percorriam as entranhas, causando sensações quase que orgasmáticas em todos, absolutamente todos aqueles que os liam, escutavam ou simplesmente lembravam-se, pois, eles eram incontestavelmente autênticos, ora em forma, mas, invariavelmente, em conteúdo, e não saídos de uma espécie de linha de montagem poética.

Sim, eu, definitivamente, tive um sonho, onde a proporção não era de cem poetas em um livro e sim a de cem livros por poeta.

Lutemos, então, companheiros poetas, para que seja possível, para cada um de nós, publicarmos um, dois, três, cem livros à altura de um Manuel Bandeira, de um Pablo Neruda, de um Heriberto Hélder ou de um Fernando Pessoa. Ou mesmo que façamos de nossas palavras melodia como um Raul Seixas, pois nós somos o diferencial do mundo, e não temos o direito de nos sentarmos no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a Globo chegar!

Tu e Eu

É tudo mentira:
Foi tudo verdade
Te quero bem longe
Pois estou com saudade

Te tenho tesão, mas...
Vá pra bem longe de mim!

Adoro tua filha
Amo a tua idade
Não quero ser madastra
É tão ruim essa fase:

Crise dos 25, ah!
Vá pra bem longe de mim

Não gosto do assunto
Vamos conversar
Não gostei do teu beijo
Mas vem me beijar

Quero dormir contigo, mas...
Vá pra bem longe de mim

Paremos nossa história
Pois é tudo tão belo
Vem pra minha cama
Porque eu não te quero

Vai pra longe, ah...
Mas não saia daqui.

Imperecíveis de Coração




Noutro tempo, quando se olhava
Para os mares mais longínquos
Dizia-se: "Deus"

Mas agora
Eu vos ensinei
A dizer:
"Super-Homem"

"Super-Homem"

Os figos caem das árvores
E eles são bons e doces
Eu sou o vento do norte
Para os figos maduros

Para os figos maduros

Criar é a grande
Emancipação da dor
Emancipação da dor

Criar é o grande
Alívio da vida
Alívio da vida

Assim falava Zaratustra
Para os cegos e surdos
Da multidão

Assim falava Zaratustra
Para os imperecíveis
De coração

Mas o imperecível
É apenas um símbolo
E os poetas
Mentem demais

Mentem demais

E assim como os figos
Caem em vós estes ensinamentos
Recebei o seu suco e sua doce polpa

E sua doce polpa!
E sua doce polpa!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Extra

Extra, extra, estratosfera... Eis que o pequeno grande anão rastafari desdenha dos pobres mortais racionais, necessitados de oxigênio, dinheiro e amor. Sortudo ele, heim? Ele está lá, na estratosfera, comendo pão com ovo, por pura opção, tomando Frevo Cola para arrotar e Pitu pra poder ter coragem de masturbar-se em pleno espaço sideral.

Dizem que ele ficou assim após cheirar, na fonte, um peido de Nietzsche.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Aborto Amoroso



Nota-se, desta vez
Que me feristes, ferindo a si
Todos os caminhos levam a ti

Mas pra você
É bem mais fácil
Dar o seu recado

Pois eu sei
Entregar-se ao medo
É menos complicado

Nota-se, desta vez
Meu choro não engoliu teu riso
E tua frieza ferveu meu juízo

E meu desespero
Bem me parece
Que nunca finda

Mas faz de ti
Das melodias
A mais linda

Mas esse aborto amoroso
Que cometestes agora
Reprime o meu e o teu gozo
É um atentado à nossa glória

E nota-se, desta vez
Que meu amor quer o amor
Que eu dou, e não dor
Parece-me que agora

Estou ferido
Fervido...
Servido...
Engolido...

Sou um feto perdido!

domingo, 5 de julho de 2009

Filme




Eis que esse momento viria.


Esbugalhados. Meus olhos eram portadores deste adjetivo hiperbólico e, nunca antes, tão verdadeiro. Confesso, esperava menos... Confesso, eu nunca na minha vida quis tanto ser mais! Mais bonito, mais forte, mais corajoso para dar-lhe, logo de cara, um beijo completamente devastador de mentes, completamente orgasmático, completamente convencedor.


O impossível parecia apenas uma mera fagulha de medo, pois, seu abraço parecia que tinha sido feito pra mim desde outras épocas, como o seu sorriso, como a sua voz, como o seu beijo dado e ainda não encontrado, como tudo o que eu conhecera apenas virtualmente. Como tudo pelo qual eu era apaixonado antes mesmo de conhecer.
Não falo de idealismos, falo de ser, sem saber o motivo. E como os filmes, prefiro sentir do que entender, deixo pra tentar entender depois do término.

E que esse filme, eu nunca entenda.