sexta-feira, 30 de julho de 2010

Previsão



Ela aceitou a proposta de ser feliz
E foi
Deixou o medo deixar de lhe seguir
E depois

Correu atrás do sentimento dourado
E encontrou o amor

Ela aprendeu que a dor não vem do outro
Mas de si
Ela chorou pelo tempo que perdeu
Até ali

E decidiu reunir coragem pra largar
A solidão
E é preciso ter coragem
Como numa canção sem rima
Para brincar-se de Tom Zé
Num groove psicodélico
Chamado amor

Ela aceitou o beijo mais distante
Espacial
Ela brincou de ser roda gigante
No Taj Mahal

E fez do céu o seu jardim de flores
De marfim

Ela casou com o mais feio dos homens
Transcendetais
Ela gerou os mais belos lobisomens
E ainda quer mais
Ela quer que sua vida seja eterna
Em seu florir

Cuidar de uma flor é arte
Transforma-te em bactéria
Para proteger o cheiro gostoso
Do amor ritualístico
Chamado rotina

Ela foi feliz pois assim quis

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cazuza.



Lembro-me vagamente do dia em que ouvi a notícia da morte de Cazuza. Eu não sabia bem o que significava, mas, com o tempo, descobri o que o Brasil havia perdido. Sou fã assumido, não tenho como negar. Ultimamente, por sinal, eu estava escutando mais do que o normal, sem me tocar que sua morte faria 20 anos. Estou ficando velho. Um velho triste. Triste por motivos meus e triste por motivos coletivos, dentre eles, a ausência de letras e vozes como a dele. A música abaixo foi, e talvez ainda seja, minha trilha sonora últimamente. A letra é do talentoso Herbert Vianna, mas, sem a voz de Cazuza, não seria tão bela quanto é.



Quase um Segundo

Eu queria ver no escuro do mundo
Aonde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender

Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?

Ás vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Tudo que não me deixa em paz

Quais são as cores e as coisas pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma Canção Ben Jor Pra Você (I Need You, Tami)

 
Tami...
Oh, Tami!

Essa canção não é só pra te dizer
Que eu não quero mais te ver

 
Tami...
Oh, Tami!

 
Nem que não há mais como se tecer
Algo que sirva pra nos envolver

Tami...
Oh, Tami!

 
Pois as canções do mar já não condizem
Com o que nossas almas, hoje, vivem
Eu só me arrependo por nunca fazer
Uma canção Ben Jor pra você!

Uma canção Ben Jor pra você!
Uma canção Ben Jor...
Pra você!

Tami...
Oh, Tami!

Os anéis que eu tinha pra te oferecer
Não sei se iriam, em ti, caber

Tami...
Oh, Tami!

A alma que eu tinha pra te oferecer
Eu sei que não iria te satisfazer

Tami...
Oh, Tami!

Pois a minha, não há os que estatizem
Nem a tua é tão branca como dizem
Mas suficiente para um dia eu fazer
Uma canção Ben Jor pra você!

Uma canção Ben Jor pra você!
Uma canção Ben Jor...
Pra você!

E no final dizer:

I need, i need, Tami...
I need, Tami...
I need you, I need you!!!

I need, i need, Tami...
I need, Tami...
I need you, i need you!!!

 
Oh, Tami...
I...
Need...
You.

Talvez assim...
Você possa entender!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ao Pai-Xamã

Para Roberto Piva



Tu, que fizestes de mim neto dos beats
Agora decides chocalhoar esferas distantes
Tu, nobre pai-xamã das letras
Logo tu que, em brasa, com tua alma maldita
Com tua dita alma, ditastes palavras ao vento
Sementes, d'onde brotaram pequenos xamãs
E o verbo se fez pó

O pó que usaremos para ressuscitá-lo
Amanhã e sempre.

Morre o poeta Roberto Piva


O poeta Roberto Piva, autor de Paranoia, considerada sua obra prima

No http://ultimosegundo.ig.com.br

Fortemente influenciado pelos beats, ele foi uma das vozes mais dissonantes do meio artístico de São Paulo

O poeta Roberto Piva morreu ontem em São Paulo, aos 72 anos, com falência múltipla dos órgãos decorrente de insuficiência renal. Um câncer na próstata o havia levado ao Hospital das Clínicas, onde estava internado desde maio. O câncer atingiu os ossos.

Poeta de importância nacional, Piva nasceu em São Paulo, onde escreveu sua obra prima, a coleção de poemas Paranoia, publicada em 1963. Também foi uma voz dissonante nos meios artísticos da cidade, num tempo em que os escritores ainda se juntavam em grupos.

Ele fez parte de uma geração brilhante mas posteriormente marginalizada, com fortes influências dos poetas beats americanos. Apesar disso, Piva não era facilmente classificável.

O ministro da Cultura Juca Ferreira divulgou nota em que afirma: "Se a morte de um poeta é sempre uma tragédia, a morte de alguém como Piva é um imenso baque a mais, já que a energia que alimentava sua poesia era a exaltação da carnalidade. Essa sua energia enfrentou, nos anos 60 e 70, além da repressão, a estranheza que se voltava contra pregadores, como ele, de uma poética do desregramento. Piva assumiu a responsabilidade de expressar as nossas carências e delírios extremos".
 
O poeta foi cremado na manhã deste domingo.

domingo, 4 de julho de 2010

Sou Riso


 Teu sorriso exposto
É secreto para quem sabe enxergar
Pois teu ser não é figurativo
É promessa de Lua cheia
No meio de uma tempestade.

Teu sorriso está ali...
Mas só quem saber enxergar
Sabe que ele é mais

Que você é mais.