terça-feira, 30 de novembro de 2010

Muricy Futebol Clube




Eu havia escrito este texto quando fiquei sabendo que hoje, por um acaso, é aniversário de Muricy... enfim... um pequeno presente para um grande mestre!


Nada contra o competente Mano Menezes, mas sabemos que se existe um treinador que, ao lado do ex-inquestionável Felipão, possui méritos infinitamente maiores para estar a frente da nossa seleção, este alguém se chama Muricy Ramalho. Sabemos que ele teve a sua chance de estar comandando a Canarinha, mas naquela que foi, ao meu ver, a maior demonstração de ética profissional da história do futebol brasileiro, Muricy recusou a chance de realizar o seu sonho por um simples motivo: provar, de uma vez por todas, que a palavra de um homem vale mais do que um papel assinado. Diante desses fatos, haveria alguém mais merecedor do título brasileiro de 2010?

Se caso o Fluminense sagrar-se campeão brasileiro de 2010, creio que não haverá muitas pessoas a questionar o merecimento do Tricolor das Laranjeiras, muito menos a enorme, a gigante porcentagem de mérito devido a Muricy que, ao contrário do que pensam os babões de plantão, não é um gênio... é aquilo que eu gostaria de batizar de Operário-rei!

Explico, Muricy não é um gênio tático, além de algumas vezes mexer mal no time. Não quero com isso dizer que ele tem uma má leitura de jogo, muito pelo contrário, ele tem o feeling mais feelingoso do futebol brasileiro, à frente até de Scolari, e talvez por confiar tanto nele, acaba pecando em algumas substituições que desestruturam taticamente sua equipe. Seus maiores méritos são o controle do grupo e a seriedade de seus treinamentos. Ele consegue tirar 120% de qualquer equipe que ele venha a treinar, sempre deixando bem claro para os seus atletas que todos ali são transitórios, inclusive ele, mas que estão ali, naquele momento, recebendo uma fortuna, para dar resultados, para trazer títulos e que essa é a obrigação deles.

Tive o prazer de conversar com Muricy em duas oportunidades, a primeira, num shopping de Recife, num desses agradáveis acasos, quando ele era treinador do Clube Náutico Capibaribe. Foi uma conversa rápida onde eu o questionei quanto ao ponto mais importante do futebol para ele, para ser um vencedor. Sua resposta foi um ensinamento inesquecível, não me lembro exatamente das palavras utilizadas, mas ele disse que o trabalho do cotidiano, o treinamento intensivo, o comprometimento do grupo e, principalmente, do comandante, os exemplos vindos de cima, são imprescindíveis para a possibilidade de conquista. O que mais me chamou atenção nas palavras de Muricy foi quando ele se referiu ao momento em que o título chegasse, foi quando ele disse que essa era a parte mais difícil, pois do topo só se vai para baixo, é o momento de administrar os egos para que a equipe mantenha-se focada na manutenção do espírito de campeão. Ele, anos depois, deu uma aula de como manter esse espírito ao conquistar por três anos consecutivos o campeonato brasileiro pelo São Paulo. Um feito inédito no Brasil.

Veio 2009 e a bruxa estava solta, desclassificação para o Cruzeiro na Libertadores da América, demissão por parte da imbecil diretoria do São Paulo e admissão por parte do Palmeiras. Lá, ele teve a oportunidade de ser campeão brasileiro pela quarta vez consecutiva, mas havia algo errado no Palmeiras, na verdade, ainda há. Os três melhores treinadores brasileiros estiveram lá nos últimos dois anos, Luxemburgo, Muricy e, atualmente, Felipão. Nada deu certo e ficou óbvio que não eram os treinadores os problemas da casa, mas como não estou aqui para falar do Palestra, sigo adiante.

O fato é que perder o campeonato brasileiro de 2009 não estava nos planos do Palmeiras, que liderou com folga a maior parte do torneio, mas acabou sem se classificar, sequer, à Libertadores. Veio 2010, um campeonato paulista inconstante e a demissão de Muricy parecia ser o começo da sua decadência profissional. Parecia, pois havia um Fluminense apostando em seu talento. Apostando num projeto que, com toda a certeza, não esperava um resultado a curto prazo. Nem a Seleção separou Muricy do Fluminense, que recusou o convite pois havia apalavrado uma renovação com o seu presidente, repito, havia apalavrado, do verbo apalavrar, do substantivo palavra, complementada pelo adjetivo homem. Repito, ADJETIVO HOMEM!

Mesmo sendo criticado pela imprensa (principalmente pelo "extremamente ético" Milton Neves), Muricy seguiu seu trabalho que está para se transformar em título, depois de mais de duas décadas de jejum do Fluminense, mas que seria o quarto título brasileiro em cinco anos e a insônia eterna dos arrependidos diretores de São Paulo e Palmeiras. Não sou torcedor do Fluminense. Torço pelo Tricolor Pernambucano, pelo Giallorosso Romano e pelo trabalho feito com ética e competencia. Sou Muricy Futebol Clube!

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