terça-feira, 5 de maio de 2009

2º (2009)

No Bola Pensante:

O que seria da conquista sem a tragédia do outro? Teria o homem prazer de ser o vencedor sem que alguém fosse o derrotado? Sem que, sempre ao cruzar com aquele que perdeu a batalha, não surgisse aquele sentimento de superioridade indiscutível, calcado em fatos?

No último final de semana, pela maioria dos estaduais Brasil afora, campeões foram definidos, holofotes foram direcionados aos que conquistaram os títulos e o ostracismo instantâneo caiu sobre os vice-campeões, grandes guerreiros que, por talvez um pequeno detalhe, despencaram da possibilidade da glória ao limbo do esquecimento. Talvez por erros de arbitragem, talvez por má sorte, mas como dizia Epicteto, “Quando alguém tem azar, lembra-te que esse azar provém dele: afinal Deus criou todos os homens para a felicidade e para a paz.”

Mas será que há paz para um vice-campeão? E para um bi vice, um tri, então?

Para mim, a diferença entre um campeão e um vice se encaixa bem nas palavras de Alain, quando ele fala sobre a felicidade, dizendo que “A felicidade não é algo que se persegue, mas algo que se tem. Não existindo essa posse, é apenas uma palavra.” O vice é aquele que quase sentiu o gosto do título, o que os coloca com um sentimento de frustração bem maior do que aquele que ficou numa posição intermediária.

Eu sei, podem dizer que o vice fez um ótimo trabalho, foi um ótimo adversário, valorizou o título. Para o torcedor, isso não existe. Enquanto o campeão é o que ri por último e o que ri melhor, o vice é o que chora por último e, quem sabe, o choro mais doloroso: o choro do quase.

Salvem os campeões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário