sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Heroísmo Perverso



Batman... Coringa! Super-Homem... Lex Luthor! Wolverine... Dentes-de-Sabre! Lula... Fernado Henrique Cardoso! É quase que inerente à condição humana (e à eleição de heróis) a escolha de alguém  para ser o vilão da história, seja no mundo real ou na literatura (e nem venham me dizer que HQ não é literatura!). Mas o que faz de alguém herói ou vilão? Será que o policial que mata um trombadinha por ter roubado um celular é o herói? Será que o Batman, por perseguir e espancar frequentemente um doente mental traumatizado, merece os louros de uma vitória ética?

Na literatura, os bons escritores sempre procuram dar uma justificativa para as ações inadmissíveis dos vilões, ora ilustrando a estória com algum fragmento traumatizante de seu passado, ora dando ao leitor a idéia que o personagem em questão tem um ótimo (ou grande, para os politicamente corretos) motivo para vingar-se de algo ou de alguém. Os maus escritores encontram uma maldade congênita e nos empurram de uma forma quase mentalmente estupradora. Os heróis, geralmente, têm um único motivo para combatê-los: eles acham-se eleitos para fazê-lo. Simples assim!

Não quero ser "do contra", apenas quero provocar uma autocrítica em relação ao papel ontológico do herói e do vilão. O primeiro serve como uma espécie de exemplo para os que, de uma forma ou de outra, são omissos em relação a "maldade" alheia, sintam-se culpados e passem a agir (vide os linchamentos e os assassinatos motivados por vingança). O segundo, o vilão, tem um papel muito mais escroto, ele é o elemento  no qual a sociedade mira seus olhares de desgraça e ódio, é aquele que faz dela mais hipócrita do que ela já é, pois, a partir do momento em que há um vilão, todos acham-se heróis, pois não agem como o ser em foco. Parem e pensem no estrago que a figura do vilão pode fazer... um ladrão, diante de um estuprador, pode se achar um herói; um estuprador, diante de um assassino, pode achar o mesmo; um assassino, diante de um político corrupto, pode pensar da mesma forma!

Sim, é isso, o coitado do vilão foi feito para se foder! Já não basta ele pagar, de maneira justa, pelas suas ações cometidas, ele ainda é culpado pelas desgraças além-crime, além-vida, além-morte. Todo vilão recebe a carga de toda a maldade existente nele e, principalmente, nos heróis de plantão: nós mesmos! 

Apresentados os argumentos, quero fazer um questionamento: quem, dentre vós, nunca torceu para que o vilão saísse são e salvo dos ataques da lei, mesmo indo contra toda a "ética" ensinada pelos nossos pais e professores, apenas pelo fato dele(a) ser simpático(a) aos seus olhos? Quem?

Para bom entendedor, meio artigo já basta!

2 comentários:

  1. Pois é, acontece que o buraco é lá embaixo. Só defendendo o cavaleiro das trevas, quanto ao coringa é mais uma questão de caos e ordem do que mal e bem em si.

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  2. Guma vc foi fantástico nesta matéria. É a mais pura realidade em que vivemos. Quero aproveitar a oportunidade e lançar com vc. Vc no seu blog e eu no meu blog, uma campanha quase impossível, mais se juntar-mos força, no mínimo vamos abalar as estruturas do poder.
    O senador Cristovan Buarque lançou uma campanha e automaticamente os outros engavetaram é claro. Achei uma excelente proposta de que todos os filhos de políticos deveriam estudar em escolas públicas. Eu vou mais além: Vamos lançar uma campanha que todo o candidato a cargo político, seja na esfera municipal, estadual e federal, tenha seus filhos em escolas públicas. Porque o intento? É lógico. Sabemos que eles tendo seus filhos na escola pública, iriam combater o mau ensino, o tráfego de drogas entre outras coisas mais. Escola particular ficou para rico e não para político que vive as custas de nosso árduo suor, taxando cada vez mais os impostos, dando autos aumentos de salário. Chega de abuso.

    Assista a crítica de Felipe Melo
    "políticos e educação" no
    www.vamoscaminharjuntos.blogspot.com e
    seja também um seguidor
    e um bom final de semana.

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