terça-feira, 2 de março de 2010

Um Baile de Máscaras Chamado Vida


Neste baile você não é convidado, e sim, obrigado a entrar e dançar por entre aqueles que, por vezes, você tem a pretensão de achar que conhece por trás das máscaras que, logo na entrada, são empurradas em seus rostos. As danças são como cirandas que se cruzam de uma forma constante, contínua e assimétrica. São ondas de encontros, desencontros e reencontros.

Há, neste evento, aqueles que optam por serem um pouco diferentes. Optam por não usar as tais máscaras antes empurradas à face, esses mal-aventurados quase sempre findam por serem vítimas dos mascarados, criminosos ou não, que os acusam e os impõem adjetivos, rótulos, naqueles que aparentam ser aquilo que, segundo o julgamento deles, deve ser classificado de forma negativa.

Enquanto o baile continua, crimes são cometidos, pessoas são acusadas e julgadas, porém, os grandes mascarados que cometem crimes raramente são julgados, sequer acusados. Trocar de máscara fica fácil neste baile sacro-demoníaco. Repassar a culpa para os sem-máscaras torna-se uma ação bem mais eficaz, principalmente quando eles, os não-mascarados, optam por não ceder à escória mascarada, à falsidade institucionalizada, negando-se a utilizar o tal adereço, mesmo após tantos avisos e ameaças.

Num âmbito mais superficial, talvez mais inocente entre os mascarados, há os meramente preconceituosos, que assim são, muito mais pela falta de uma visão mais ampla do salão do que propriamente pela maldade. Por eles, pequenas injustiças são cometidas com aqueles que, simplesmente, não querem dançar a música que é, ditatoriamente, imposta pelos pretensos donos da festa.

Eis então quando começa a segregação dos grupos e os que antes andavam com o rosto ao vento, por uma questão, talvez, de autopreservação, passam a usar uma máscara, depois duas, depois três, até se esquecerem que antes eram uns sem-máscaras, uns sem-teto, uns sem-terra, uns sem-maldade.

Imaginem, então, num mundo como este, um sem-máscaras tentando entrar numa das rodas de ciranda mascarada, encantando-se por uma moça que, se não é uma sem-máscara, parece usar a menor de todas elas e, talvez, por uma mera questão de proteção. Ela utiliza a máscara apenas para ter paz.

Você, sendo o mascarado patriarca ou matriarca deste grupo, deixaria o rapaz que opta por não usar a máscara chegar perto de seu bem tão precioso? Bem como os tais, na tal história, provavelmente, não. Mas isso não vem ao caso... essa não é uma história de vilões e mocinhos... é uma história de choque de realidades, de rótulos precipitados e, consequentemente, preconceituosos. É, definitivamente, uma estória verídica.

E essa história pode ser vista também como de pontos de vista, ou talvez, de pontos de não-vista.pontos cegos que, só quem usa e, logo após, tira a máscara, consegue perceber: sem ela pode-se ver mais e melhor.

Eis que o mestre Shake, do alto de um lustre, grita para a multidão: “Ser ou não ser? Eis a questão!”

Ou seja, máscara ou não?

Essa é a pergunta que não sai da cabeça do jovem sem-máscara. Essa deveria ser a pergunta que não deveria sair da cabeças de todos vocês, mascarados medíocres.

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