sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Memórias de Um Amnésico Quase Recifense: Cap I - Tempo de Mudanças (Parte 3)


CAROL: Giovanni, sua mãe caprichou ontem, não foi?

NARRADOR: Antes que eu esqueça, até esse dia, eu adorava a comunicação estabelecida com a minha amada no recreio escolar!

GIOVANNI: Do que você tá falando, Carol?

CAROL: A surra que você levou ontem à noite... hihihi!

NARRADOR: Como assim, surra???

GIOVANNI: Como assim, surra?

CAROL: Aquela que eu ouvi da casa da Vivi, sua vizinha. Jantei lá com ela e ouvi tudo.

NARRADOR: Como assim, ouviu?

GIOVANNI: Como assim, ouviu?

CAROL: Ouvi ouvindo, ora...

GIOVANNI: Ahhh... ontem? Mas... mas... mas ontem não fui eu quem levei a surra, foi o meu irmão.

NARRADOR: Isso, jogue a vergonha nas costas de quem não precisa ainda do amor de uma mulher que não seja a sua própria mãe.

CAROL: Que coisa estranha... eu não sabia que a sua mãe dava surras nele gritando o seu nome e xingando você...

GIOVANNI: É que... é que... é que...

NARRADOR: Pense rápido! Pense rápido!

GIOVANNI: É que... ela falava para eu não fazer o mesmo que ele fez. Faz parte da educação que a minha mãe nos dá, castiga um e ensina o outro a não repetir o erro...

NARRADOR: Se esqueceu de citar a frase de Voltaire...

CAROL: Então você devia estar bem perto do seu irmão, não era?

NARRADOR: Hã?

GIOVANNI: Não, por quê?

CAROL: Porque seu braço tá cheio de marcas de cinturão.

NARRADOR: Auto-flagelo em solidariedade aos laços de sangue?

GIOVANNI: O que... o que... O que você trouxe pro lanche hoje?

NARRADOR: Caia nessa, por favor, caia nessa!

CAROL: Minha mãe colocou duas maçãs na minha bolsa.

NARRADOR & GIOVANNI: Ahhh...

CAROL: Mas me deu 50 centavos...

NARRADOR & GIOVANNI: E?

CAROL: Eu comprei todo de Xaxá!!!

NARRADOR: Eu amo essa garota!

GIOVANNI: Eu te amo!

CAROL: O que você disse?

GIOVANNI: Nada, nada...

CAROL: Tá certo... se não quer dizer...

GIOVANNI: Você tem visto Matu... ops, desculpa, N-a-n-d-j-i-n-h-o por aí?

NARRADOR: Eu era perfeito nisso: quebrar o clima.

CAROL: Não, desde ontem, tô até com saudade!

GIOVANNI: Mas você se viram ontem!!!

CAROL: O que é que tem? Não tem tempo certo para se sentir saudade! Você, por exemplo...

NARRADOR: Êpa! Êpa! Êpa! Ela vai dizer as palavras mágicas?

CAROL: Você, por exemplo... Eu... Eu...

NARRADOR: Vamos, diga, diga, diga, diga...

CAROL: Eu nunca tive tempo de sentir saudade. Nos vemos todos os dias!

NARRADOR: ♪ “Eu tentei fugir... não queria me alistar...”♪

GIOVANNI: Quer saber? Eu também nunca senti saudade de você...

NARRADOR: Só quando vou fazer dever de casa, assistir “Anos Incríveis”, jogar bola e nas refeições, sem contar quando vou dormir, mas, principalmente, quando estou acordado.

GIOVANNI: E nem que eu passe mil anos sem ver você, eu nunca sentirei saudades, me ouviu??? EU NUNCA SENTIREI SAUDADES DE VOCÊ!!! Xau... ou melhor, xauzinho, Carolzinha!!!

NARRADOR: É... pelo visto perdi a garota. E a sessão gratuita de Xaxá também!

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