sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Os Manos do Mano



A primeira derrota a gente nunca esquece. Principalmente quando se está a frente da maior seleção do mundo. Pior é quando essa derrota é contra o seu maior rival no último minuto da partida. Todos esses requintes marcantes estiveram no Khalifa International Stadium, em Doha, no Catar, na última quarta-feira. O primeiro Brasil x Argentina pós-copa, após um duplo fracasso. Alguém haveria de ir à forra! Sorte dos nossos “hermanos”! É óbvio que os galvãobuenistas haverão de dizer: “é muito ruim perder para a Argentina”, com certa razão, mas o que importa são os dois torneios-chave da era Mano Menezes: as Olimpíadas de Londres e a Copa do Mundo do Brasil.

Não há como negar que uma renovação com a profundidade que Mano Menezes tem se proposto a fazer dentro do plantel de Seleção pode assustar, mas o fato é que boa parte dessa renovação deveria ter sido feita na época de Dunga. Ganso, por exemplo, que hoje é indispensável para a seleção, deveria ter sido testado. Pato, outro que faz falta quando não joga no atual time de Mano, deveria ter recebido mais votos de confiança por parte do antigo treinador (que parece ter guardado todos eles para Michel Bastos e Felipe Melo). Nenhum dos volantes que foram levados por Dunga à Copa da África são melhores do que Lucas, assim como nenhum homem de movimentação no ataque é mais perigoso do que Neymar.

Na partida contra a Argentina, foi possível verificar o esboço daquilo que será a real seleção de Mano. No gol, apesar de muito bom goleiro, Victor deverá perder sua posição, ao longo do trabalho de Mano, para Júlio César. A lateral-direita possui um dono, Daniel Alves. A não ser que Lúcio tenha o DNA de um highlander ou que surja um super-zagueiro nesse meio-tempo, Thiago Silva e David Luiz formarão a dupla de zaga brasileira. Na lateral-esquerda a dúvida da copa persiste. A solução, para mim, é um óbvio ululante: Marcelo. O lateral/meia do Real Madrid tem todas as condições de ser titular da posição. André Santos é um bom jogador e será um ótimo reserva.

No meio-campo, Lucas é indiscutível e insubstituível, enquanto primeiro volante. Ramires e Elias vão brigar às tapas por essa segunda vaga entre os volantes. Se Mano Meneses optar por um esquema mais audacioso, um 4-3-3, com Lucas como cabeça-de-área, com dois homens vindos de trás e Robinho e Neymar abertos pelos lados do campo municiando Pato. Ramires e Ganso deverão ser esses dois jogadores do meio-campo à frente de Lucas. Já no caso de um 4-4-2 padrão, vejo Elias entrando nesse time, além de uma disputa entre Robinho e Neymar por uma vaga no ataque ao lado de Pato. Antes que me perguntem... não! Ronaldinho, não! Kaká, talvez, mas Ronaldinho, não!

Contra a Argentina, o Brasil sofreu com a falta que Ganso e Pato fazem a essa seleção. Ganso tem uma personalidade atípica para a sua pouca experiência, domina as ações ofensivas do Brasil, coisa que Ronaldinho, convocado para suprir essa necessidade criativa, não conseguiu fazer. No ataque, Neymar e Robinho são bons em abrir espaços, mas não são finalizadores. Pato é completo, tem todos os atributos, velocidade, habilidade, finaliza bem por cima e por baixo, sabe abrir espaços, tem um bom passe, enfim, se Pelé era nota 9,5 em todos os atributos, Pato, para mim, é nota 8.

Perder para a Argentina não é nada agradável, mas ver que a Seleção está num rumo razoavelmente correto leva o torcedor brasileiro a acreditar que sim,é possível conquistar o Hexa em casa. Mas a estrada é longa e árdua.

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