quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Adeus Ano Velho (e Desgraçado!)


Vamos lá... por onde eu começo? Posso começar dizendo que esse, provavelmente, será o último texto desse ano. Posso também dizer que há uma chance, nada remota, de que esse seja o último texto do “Palavras do Güma”. Último mesmo. Estou pensando seriamente em acabar com o blog. Não vejam isso como uma estratégia de marketing para que vocês façam uma corrente no twitter, mandem dezenas de mensagens para mim que tripliquem o número de visitantes em uma semana ou qualquer coisa parecida. É que ando cansado mesmo. Cansado de escrever, cansado de criar, cansado de me expor pessoal e artisticamente. Ando cansado, sobretudo, deste ano de 2010, que tem sido infernal e implacável para com a minha humilde pessoa! É, ficou claro que eu quero me despedir, principalmente, do 2010GRAÇADO ano que peço a Deus que acabe antes que ele acabe comigo.

Escrever em blogs não é tarefa fácil, pior é quando o aquele que escreve deixa-se transparecer em seus sentimentos naquilo que é escrito. Todo blogueiro acha-se amado pelos seus visitantes mais assíduos, e, portanto, acha interessante dividir seus momentos com seu público através de textos, poemas, vídeos, enfim, através das atualizações de seu blog que acabam-se tornando atualizações de sua vida, um diário, quiçá, principalmente quando este é um blog livre, tal como é a proposta do “Palavras do Güma”, onde vocês, caso saiam em busca daquilo que já foi publicado, encontrarão de tudo um pouco, vide os tags abaixo do título. Definitivamente, quem acompanhou este blog sabe que eu não tive um ano bom. Pelo menos, não o tive a partir de Abril, quando “coisas aconteceram”.

Mas fazendo um balanço do ano, no futebol, só tive sofrimento. Como torcedor, como comentarista e até mesmo como jogador. 2010 chega ao fim e eu não fui a um jogo sequer. Unzinho! Logo eu que deixava de transar com qualquer mulher (qualquer mesmo) para ver o meu Santinha em campo, para bater palmas e lacrimejar todas as vezes em que o Esquadrão Coral entrava no gramado. Lembrar do Santa Cruz é lembrar de mais um ano de decepções, de mais um ano de Série D, mais um ano de derrotas para times ridículos e sem expressão nenhuma no futebol nacional.

Lembrar do Santa Cruz é lembrar daquele que me passou o Vírus Coral, que fez com que o “encarnado, preto e branco” fosse minha paixão suprema. Meu avô, o velho “Lambreta”, morreu em Outubro, vítima de complicações decorrentes do diabetes, doença que, apesar de não ser viral, de uma forma ou de outra acabei herdando também. No fim das contas, foi um descanso para ele e para a família.

Lembrar do meu avô, é lembrar da primeira vez em que tomamos uma cerveja juntos, ambos diabéticos, ele já sem uma das pernas. Foi nesse dia em que eu pude entender um pouco mais sobre meu avô e, consequentemente, um pouco mais sobre mim mesmo. Foi nesse dia em que ele me disse que foi abandonado pela mulher que ele mais amou na vida, que se casou com um vizinho. Os anos de dor se seguiram, até o dia em que eles se reencontraram, e ela confessou que havia se separado dele pelo fato de que o homem em questão havia dito a ela que o mataria caso continuasse sua relação com ele. Enfim, me pus no lugar dele e entendi o motivo de tanto rancor em relação à vida. Foi nesse mesmo dia que ele me disse que era viciado em lança-perfume, perguntou até se eu tinha um “canal” pra comprar!

Lembrar dessa história me faz lembrar de uma amada abandonando um amante. Sim, foi isso mesmo que aconteceu neste ano cavernoso. Um grande amor, nascido (pelo menos nessa vida) em 2009 e assassinado (ou melhor, amordaçado) em 2010. Tudo bem que acabou virando livro, meu primeiro romance, mas, sinceramente, obras de arte não servem de nada para os artistas. Um pouco de dinheiro, um certo reconhecimento, talvez, uma tapinha nas costas aqui, outra ali, mas a maioria das obras de arte não passam expressões ou do sofrimento ou da alegria que, num momento ou em outro, vai se transformar em dor. Sim, 2010 me transformou num pessimista, principalmente depois dos 6 meses em depressão (essa é a hora em que vocês ficam com pena de mim).

Lembrar de amores que deixam você na mão quando você mais precisa me faz lembrar da política, um outro grande amor que a cada dia me deixa mais desacreditado. Tivemos eleições nesse ano. Pior, tivemos segundo turno em âmbito nacional! Uma eleição, para quem não sabe, tem uma função bem mais importante do que escolher quem irá governar o país durante um mandato, serve, através dos guias eleitorais, comícios e debates na TV, para politizar o povo, para fazer com que o povo se interesse mais pela política, já que ele é o principal responsável pelas escolhas e a principal vítima, caso essas escolhas sejam erradas. O que se viu foi mais uma eleição de debates vazios, com exploração de temas eleitoreiros e, o pior de tudo, viu-se o quanto a nossa população é retrógrada e preconceituosa.

Não apoiei em meios de comunicação nenhum candidato, mas todos que comigo debateram acerca da questão foram informados que meu voto seria para a presidente eleita Dilma Rousseff, não por achar que ela estava preparada para assumir o governo, mas por achar que, para o bem do Brasil, José Serra (o rei da falácia) e Marina Silva (a pseudo-alternativa) não poderiam ser eleitos. Dos males, o menor, Dilma presidente e a direita (a descarada, pelo menos) afastada do poder por mais quatro anos.

Lembrar de eleições me faz lembrar de Copas do Mundo e de Olimpíadas, que, por um acaso ou não, acontecem nos mesmos anos de nossas eleições. A Copa que eu sonhava ver com aquela que eu sonhava viver o resto das Copas da minha vida, foi melancólica. Enquanto eu planejava meu apartamento cheio nos jogos do Brasil e meus fratellos nos jogos da Itália, cantando o hino, fosse ele o “ouviram do Ipiranga” ou o “Fratelli d’Italia”, assiti a uma Copa sofrível e, quase todo o tempo, sozinho. A Copa em si foi até engraçadinha, tirando a dor de cotovelo de saber que eu poderia estar ali fazendo a cobertura do torneio, na África do Sul. Tirando também que tanto o Brasil quanto a Itália caíram fora precocemente. Enfim, futebol 2010 foi pra esquecer!

Lembrar de esquecer me faz lembrar que esqueci muito do que se passou durante esse ano, mas que estou escrevendo a minha série que tem toda e completa intenção de plagiar “Wonder Years”, mas contando a minha história, a minha infância e adolescência nos anos 90. Seu nome não é “Memórias de Um Amnésico Quase Recifense” à toa. Sou amnésico dislexico e maníaco sexual (não pedófilo, por favor) assumido. Emfim, lembrar de esquecer, me faz lembrar de esquecer desse ano, pelo menos das coisas que não fazem bem.

Lembrar de esquecer me faz lembrar de não esquecer Alex Guterres, Ângelo Fábio, Biagio Pecorelli, Léo Zadi, Roberto Macarrão, Carolina Freitas, Bruno Piffardini, Marcio Baião, Forllan, Isabella Marques, Raphael Douglas, Dayenne Ribeiro, Sydmar Gianette, Leandra Siqueira, Diogo Testa, Coelho, Camila Rios, e todos os outros que eu não esqueci de lembrar, mas fiquei com preguiça de incluir aqui. Esses e tantos outros fizeram de meu 2010 um ano suportável! Obrigado a todos!

Obrigado a você, leitor. Suportar o Güma não é fácil, suportar o blog dele, deve ser pior ainda!

=====> (@joaopauloguma: Se ano que vem for pior, devo me matar de que jeito? Participe da #enquete)

3 comentários:

  1. A paciência é a virtude mais nobre de exercer, já que é a mais dificil. A paciência é a própria essência do tempo. Abraço, Guma.

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  2. Rapha, Rapha, meu irmão do tempo, do espaço e da virtude... sabes que te amo e sabes que cada palavra sua vale por mil palavras do Güma! Te cuida e escreve mais, já que escrever melhor é quase impossível... estás matando à pau!

    Feliz Ano Novo!

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  3. Bom, já faz 22 dias que 2011 começou. Eu não sei, gosto desse ar de esperança que chega com a mudança de calendário.
    Contudo, prefiro a esperança de cada partida de futebol. A vida tá ruim, futebol resolve. Perdeu, a gente chora a derrota e a vida. Ganhou, a gente vibra tal qual criança sem problema lá fora. Portanto, Feliz Temporada ao Santa Cruz, nesse ano de 2011!
    Aliás, vou ver a tabela dos jogos da série D, se tiver Santa em Sampa, vou...

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